Brasil

Morte de cachorros: lotes de petiscos são suspensos

Morte de cachorros: lotes de petiscos são suspensos

O Ministério
da Agricultura determinou nesta terça-feira (6) a suspensão imediata do uso em
linhas de produção de dois lotes da matéria-prima propilenoglicol da empresa
Tecno Clean Industrial LTDA.

Segundo nota
divulgada nesta quarta-feira (7), investigações da pasta detectaram que dois
lotes de propileno glycol USP (AD5053C22 e AD4055C21) foram adquiridos e
utilizados pela Bassar Indústria e Comércio Ltda, fabricante dos petiscos que,
segundo apuração policial, podem ter causado intoxicação e morte de cachorros.

Tutores de
nove estados e do Distrito Federal relataram à Polícia Civil de Minas Gerais
mortes de cães após o consumo de petiscos da Bassar. A investigação contra a
empresa levou à interdição de uma fábrica, localizada em Guarulhos (SP), e ao
recolhimento de todos os lotes de produtos pelo Ministério da Agricultura.

Segundo o
ministério, o propilenoglicol é um aditivo permitido tanto para alimentação
animal quanto para alimentação humana. A suspeita que envolve o produto é uma
possível contaminação dele por outra substância, o monoetilenoglicol. Este
último, usado para refrigeração, é da mesma família do dietilenoglicol,
apontado como causa da morte de dez consumidores da cerveja Belorizontina, da
marca mineira Backer, entre 2019 e 2020.

Exame
realizado pela Escola de Veterinária da UFMG (Universidade Federal de Minas
Gerais) em um dos cães mortos apontou a presença do monetilenoglicol no animal.

A Bassar
nega usar o monoetilenoglicol em sua produção. Em nota nesta quarta, a empresa
diz que teve conhecimento das conclusões preliminares do Ministério da
Agricultura que apontam a possível contaminação de seus insumos -o
propilenoglicol é um deles.

“Por
isso, a empresa está realizando um recall de todos os seus produtos junto a
seus consumidores, solicitando que entreguem no local de venda os itens que já
tenham adquirido anteriormente. A Bassar Pet Food já vinha recolhendo todas as
suas linhas do varejo nacional e havia interrompido sua produção na semana passada”,
anunciou.

A reportagem
tentou contato com a Tecno Clean, fornecedora do propilenoglicol, mas não
recebeu resposta até a publicação desta reportagem. Por telefone, um atendente
da fábrica em Contagem (MG) afirmou que não havia ninguém para se posicionar,
por causa do feriado de 7 de Setembro. Também não houve resposta por email.

De acordo
com o ministério, as empresas fabricantes de produtos para alimentação animal
registradas na pasta devem identificar os produtos fabricados com o uso dessa
matéria-prima e, caso encontrem, devem fazer o recolhimento no comércio
atacadista e varejista.

Segundo Luiz
Carlos Dias, professor do Instituto de Química da Unicamp (Universidade de
Campinas), o propilenoglicol é utilizado na fabricação de petiscos para cães
para amaciar o produto e evitar a presença de fungos.

“Embora
não tenha visto o laudo oficial, suspeita-se que esses lotes estejam
acompanhados de componentes extremamente tóxicos, como monoetilenoglicol, que
precisam ser evitados por meio de processos de purificação”, diz.

Em Minas, a
polícia confirmou o falecimento de oito cachorros que teriam ingerido alimentos
da Bassar. Um grupo de WhatsApp com tutores de 30 cães mortos ou que precisaram
ser internados tem discutido sobre ações na Justiça.

INTIMAÇÃO

O Procon-SP
notificou a Bassar e pediu esclarecimentos sobre as mortes de cães após a
ingestão de petiscos fabricados pela marca.

Segundo o
órgão de defesa do consumidor, foi solicitado que a empresa apresente a tabela
nutricional dos produtos Snac Cuidado Oral Hálito Fresco, Dental Care e
Everyday.

Também foi
requerida indicações de consumo por raça, peso, idade, contraindicações e
eventuais efeitos colaterais, além da autorização de comercialização destes
produtos junto a órgãos oficiais competentes.

O Procon ainda
solicitou a comprovação de funcionamento de canais de atendimento aos
consumidores para receber as demandas relativas ao caso e pediu comprovações de
testes de qualidade nos produtos que compõem os lotes sob investigação.

A empresa
deverá apresentar os documentos e informações até a próxima terça-feira (13).