APURAÇÃO

Ministério Público vai ao TCU para investigar maquiadores na assessoria de Erika Hilton

O caso foi noticiado primeiramente pelo site Metrópoles na última semana. Erika Hilton admitiu que conheceu os dois como maquiadores

Ministério Público vai ao TCU para investigar maquiadores na assessoria de Erika Hilton Ministério Público vai ao TCU para investigar maquiadores na assessoria de Erika Hilton Ministério Público vai ao TCU para investigar maquiadores na assessoria de Erika Hilton Ministério Público vai ao TCU para investigar maquiadores na assessoria de Erika Hilton
O caso foi noticiado primeiramente pelo site Metrópoles na última semana. Erika Hilton admitiu que conheceu os dois como maquiadores
O caso foi noticiado primeiramente pelo site Metrópoles na última semana. Erika Hilton admitiu que conheceu os dois como maquiadores Foto: Câmara dos Deputados

O Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) solicitou uma investigação a respeito dos dois maquiadores contratados como secretários parlamentares pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP).

O subprocurador-geral Lucas Furtado pede que sejam adotadas “medidas necessárias para confirmar a contratação de maquiadores” e que, se houver ratificação, haja uma tomada de contas especial para devolução de recursos gastos com salários e outras despesas desses assessores.

“Ocorrências como a ora denunciada comprometem a confiança nas autoridades públicas e projetam sobre as instituições a sombra de práticas arcaicas, como o patrimonialismo, o nepotismo, o apadrinhamento e o favorecimento pessoal”, escreveu o subprocurador-geral na representação enviada ao TCU na quinta-feira (26).

Furtado afirma que o caso desmoraliza a administração pública e que a contratação dos dois maquiadores pode ter tido desvio de finalidade, além de “desmedida pessoalidade”. Segundo ele, a seleção teria seguido interesses pessoais da deputada, desvinculados da atividade parlamentar.

“As despesas com salários e viagens desses assessores, caso confirmadas as suspeitas de desvio de finalidade e violação ao princípio da impessoalidade, devem ser consideradas indevidas e ilegítimas, sujeitando-se à restituição ao erário, ainda que revestidas de aparente legalidade formal”, escreveu.

Deputados têm o direito de contratar pessoas de sua confiança para trabalhar em seus gabinetes, com salários bancados pela Câmara. Entre os contratados por Erika Hilton estão os maquiadores Ronaldo Hass e Indy Montiel.

O caso foi noticiado primeiramente pelo site Metrópoles na última semana. Erika Hilton admitiu que conheceu os dois como maquiadores, mas disse que eles hoje exercem atividades relacionadas a seu mandato. Tanto Hass quanto Montiel têm postagens em redes sociais divulgando seus trabalhos como maquiadores usando a deputada como modelo.

“Conheci eles como maquiadores, identifiquei outros talentos e os chamei para trabalhar comigo. Quando podem, fazem minha maquiagem e eu os credito por isso. Mas se não fizessem, continuariam sendo meus secretários parlamentares”, declarou Erika Hilton em seu perfil em rede social.

Após a divulgação das contratações, a parlamentar foi alvo de críticas de adversários políticos. A deputada disse, em rede social, que existe uma perseguição contra ela, que foi, em 2022, a primeira transgênero eleita para o Congresso, junto com Duda Salabert (PDT-MG).

Hass foi contratado como secretário parlamentar em novembro de 2024 e teve dois remanejamentos de cargo dentro do gabinete. Seu posto atual tem remuneração de R$ 9.700, de acordo com o sistema de transparência da Câmara.

A primeira nomeação de Montiel foi em dezembro. No início deste mês, houve um remanejamento para o cargo atual. Em maio, a remuneração foi de cerca de R$ 2.100. Os dados também foram extraídos do sistema da Câmara.

O registro mais recente de trabalho de maquiagem com a deputada divulgado por Hass no Instagram é de 22 de fevereiro. Foi para um ensaio da escola de samba carioca
Paraíso do Tuiuti. O perfil o identifica como alguém do ramo de beleza.

Hass também foi marcado, entre outros profissionais e uma marca de roupas, em foto de Erika em Paris divulgada no Instagram pelo stylist Bruno Pimentel. Ela foi a show da cantora Beyoncé na cidade neste mês.

No caso de Montiel, o registro mais recente é de 27 de maio. A deputada foi maquiada para receber a Ordem do Rio Branco, maior honraria concedida pelo Ministério das Relações Exteriores. O perfil de Montiel no Instagram o identifica como artista da beleza, entusiasta da moda e assessor parlamentar, entre outras atividades.

O subprocurador Lucas Furtado escreveu na representação que o fato de Hass e Montiel terem sido contratados por causa da qualificação como maquiadores e terem exercido essa atividade em benefício da deputada mostra “o desvio de finalidade”.

“Tal circunstância evidencia o desvio de finalidade na contratação, acarretando não apenas a nulidade dos vínculos funcionais, mas também das respectivas despesas, caracterizando dano ao erário e demandando a atuação do Tribunal de Contas da União para adoção das providências cabíveis à reparação do prejuízo”, afirma a representação de Furtado.

CAIO SPECHOTO