Há grandes investidores interessados em alocar recursos no Brasil, especialmente no setor de mineração. A Ma’aden, maior empresa de mineração e metais da Arábia Saudita, anunciou ao governo brasileiro sua intenção de investir R$ 8 bilhões em pesquisas geológicas e em parcerias com mineradoras locais.
A novidade foi revelada durante o evento internacional Future Minerals Forum, em Riad, e foi bem recebida pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. “Precisamos conhecer melhor nosso subsolo para pesquisas e para formar parcerias com o setor mineral brasileiro, para que possamos explorar e realizar um aproveitamento sustentável adequado do subsolo”, afirmou o ministro.
A negociação com Bandar Alkhorayef, ministro de Mineração da Arábia Saudita, já vinha sendo discutida há algum tempo. Silveira mencionou que a Ma’aden deverá abrir um escritório em São Paulo nos próximos meses, estabelecendo sua base de operações no Brasil.
Por que esse investimento é importante?
Especialistas no setor de mineração destacam a relevância da prospecção e das pesquisas geológicas, uma etapa crucial para a descoberta de novas jazidas minerais. Essa fase demanda grandes investimentos e envolve riscos consideráveis, já que, em média, apenas uma entre mil áreas pesquisadas resulta em mina.
No Brasil, a Vale é a empresa que mais investe em pesquisas geológicas, com orçamentos de centenas de milhões de dólares para projetos de longo prazo, tanto no país quanto em outros locais. Mineradoras de grande porte, como Rio Tinto, BHP e Anglo American, também possuem departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento com planos plurianuais voltados à exploração geológica.
O que a Ma’aden busca no Brasil?
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A Ma’aden, ou Saudi Arabian Mining, é uma companhia estatal saudita fundada em 1997, originalmente focada no desenvolvimento de recursos minerais no país, tradicionalmente dependente do petróleo. Em 2008, o governo saudita listou metade da empresa na bolsa de valores (Tadawul), e dez anos depois, aumentou sua participação para 65,44% por meio de aportes do Fundo de Investimento Público (PIF).
A empresa opera em cinco unidades de negócios: exploração mineral, ouro e metais básicos (como cobre, níquel e zinco), fosfato, minerais industriais e alumínio. Em 2023, sua receita foi de US$ 7,9 bilhões. Ainda não foi divulgado quais minérios a Ma’aden pretende explorar no Brasil, mas especula-se que a empresa tenha interesse em “minerais estratégicos” como cobre, níquel, lítio, cobalto, manganês e grafite, essenciais para a transição energética. Recentemente, a Ma’aden anunciou uma joint venture com a Saudi Aramco para explorar lítio na Arábia Saudita.
Segundo um executivo do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a Arábia Saudita, rica em recursos derivados do petróleo, está investindo em um plano de longo prazo para expandir sua mineração, tanto no país quanto internacionalmente. A Ma’aden, por exemplo, está buscando minerais estratégicos em outros países, como o Brasil.
A Arábia Saudita no setor mineral
A Arábia Saudita tem um projeto ambicioso para diversificar sua economia, que tradicionalmente depende do petróleo. Há três anos, o governo saudita começou a realizar eventos internacionais com o objetivo de atrair investimentos para o desenvolvimento de sua mineração e operações no exterior. A CNBC reporta que o plano de mineração saudita tem um valor de US$ 100 bilhões.
Este não é o primeiro acordo de mineração entre o Brasil e a Arábia Saudita. Em abril do ano passado, a Vale anunciou a conclusão da venda de 10% de sua controlada Vale Base Metals para a Manara Minerals, uma joint venture entre a Ma’aden e o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita. A Manara, sediada no Canadá, é especializada na produção de níquel e cobre.
Com informações do Estadão Conteúdo e da CNBC.
