
O senador Marcos do Val (Podemos-ES), alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), viajou para Miami, nos Estados Unidos, no dia 23 de julho, apesar de ter os passaportes comum e diplomático bloqueados por ordem judicial.
A entrada do parlamentar em território americano foi confirmada por autoridades alfandegárias dos EUA e admitida pelo próprio senador em entrevista ao UOL.
Mesmo com a decisão do STF que manteve o bloqueio dos documentos desde março deste ano, Marcos do Val embarcou em um voo partindo de Manaus, utilizando o passaporte diplomático — que, segundo ele, não estava em sua posse no momento da apreensão do passaporte comum.
Durante a viagem, o senador foi reconhecido e cumprimentado por tripulantes da aeronave. Ele declarou: “Estou dentro da lei, seguindo a lei. Se tinha um bloqueio, como é que eu saí? Tem que perguntar para a Polícia Federal.”
Marcos do Val é investigado por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, associação para o crime e divulgação de documentos sigilosos. O processo corre em sigilo no STF.
Em junho de 2023, o senador foi alvo de operação da Polícia Federal após acusar o ex-presidente Jair Bolsonaro de envolvê-lo em um suposto plano golpista. Na ocasião, foram apreendidos seus dispositivos eletrônicos e uma pistola Glock, ainda retida por decisão judicial.
Desde o início das investigações, as redes sociais do parlamentar foram suspensas por atos de intimidação contra um delegado da PF. Para sua defesa, ele enviou à reportagem documentos não reconhecidos oficialmente, que questionam a legalidade da decisão do STF.
O Itamaraty afirmou desconhecer a viagem e afirmou que a responsabilidade cabe à Polícia Federal. Fontes da PF confirmaram que o passaporte comum de Marcos do Val foi bloqueado e apreendido desde agosto de 2024, mas o passaporte diplomático permaneceu em sua posse.
Nas declarações mais recentes, o senador elevou o tom contra o ministro Alexandre de Moraes: “Isso vai mostrar que Alexandre está derrotado, já acabou. Acabou Alexandre. A decisão é ilegal.”