
Mais da metade dos brasileiros é contra o Congresso aprovar uma anistia para favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes. É o que mostram novos resultados do Datafolha. O instituto aponta que 54% rejeitam a ideia, enquanto 39% dos brasileiros a defendem – outros 2% se dizem indiferentes e 4% não sabem opinar.
O Datafolha mostra que uma anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 também é rejeitada. Nesse caso, os contrários à concessão do perdão chegam a 61%, enquanto 33% são favoráveis à medida. Em julho, 55% eram contra uma anistia ao grupo.
Ao todo, 141 estão presos por envolvimento na investida contra os prédios dos Poderes. Do total, 44 estão em prisão domiciliar, com ou sem tornozeleira eletrônica.
Na Câmara, aliados de Bolsonaro tentam pressionar o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar uma anistia que beneficie Bolsonaro e condenados pelo 8 de Janeiro. Motta ainda não definiu um relator para o texto e também não bateu o martelo sobre a data de votação, mas a tendência é que haja um sinal mais claro sobre isso amanhã, após a reunião de líderes partidários.
O Datafolha ouviu 2.005 eleitores entre segunda e terça-feira da semana passada, em meio ao julgamento na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) do processo contra Bolsonaro e outros sete apontados como integrantes do “núcleo crucial” da trama golpista. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Outro recorte da pesquisa já havia indicado que o apoio à prisão do ex-presidente voltou a abrir distância em relação à rejeição da medida. De acordo com o instituto, 50% dos entrevistados se disseram favoráveis à punição, contra 43% que expressaram ser contra.
Em abril, quando o Datafolha iniciou a série histórica de sondagens sobre a prisão de Bolsonaro, 52% eram a favor e 42%, contra. Em julho, houve empate técnico: 48% a 46%.
O levantamento mostrou que os nordestinos tendem a ser mais favoráveis à prisão do ex-presidente: 62% deles defenderam a medida. Com 56%, as pessoas mais jovens, de 16 a 24 anos, e os católicos também superaram a média de apoio à detenção.
O julgamento fez inverter a crença na impunidade, segundo o Datafolha. Se em abril 52% acreditavam que Bolsonaro iria escapar da prisão, número que se manteve estável em julho (51%), a partir do início das sessões do STF, 50% passaram a crer que o ex-presidente iria, sim, ser preso.
Bolsonaro e aliados foram condenados também pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado. O ex-presidente deve tentar na Justiça o direito a cumprir a pena em prisão domiciliar. As sequelas e riscos decorrentes da facada que sofreu durante a campanha eleitoral de 2018 devem basear o pedido.