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Lula sobre ameaças: 'Se eu tivesse medo, eu não tinha nascido'

Lula (PT) afirmou nesta sexta-feira (4) em Parintins (AM) não temer ameaças de adversários e defendeu uma política com mais civilidade no país. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Lula (PT) afirmou nesta sexta-feira (4) em Parintins (AM) não temer ameaças de adversários e defendeu uma política com mais civilidade no país. Foto: Ricardo Stuckert/PR

OCIMAR LIMA E JOÃO PEDRO PITOMBO

PARINTINS, AM E SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – Um dia depois da Polícia Federal prender um fazendeiro no Pará suspeito de ameaçar dar um tiro no presidente, Lula (PT) afirmou nesta sexta-feira (4) em Parintins (AM) não temer ameaças de adversários e defendeu uma política com mais civilidade no país.

“Se eu tivesse medo, eu não tinha nascido. Se eu tivesse medo, eu não era presidente da República. Aprendi com minha mãe a não ter medo de cara feia. Cachorro que late não morde”, afirmou o presidente em discurso para apoiadores na cidade amazonense.

Nesta quinta-feira (3), a Polícia Federal prendeu um fazendeiro em Santarém (PA) suspeito de afirmar em uma loja que daria um tiro no presidente Lula quando ele visitasse a cidade. A ameaça foi denunciada por uma testemunha que estava no local e que acionou a PF.

Antes da solenidade, o presidente assistiu a apresentações dos bois-bumbás Garantido e Caprichoso e usou a rivalidade local como um exemplo para a classe política.

“Eu acho, senadores e deputados, vocês deveriam trazer a classe política para cá para aprender como o povo faz política de forma civilizada. Vocês perceberam que aqui quando o vermelho canta o azul se cala. E quando o azul canta o vermelho se cala. Lá em Brasília ninguém deixa ninguém falar”, disse.

O presidente ainda defendeu uma política “sem ódio, sem mentira, sem provocação e sem ofender o adversário”. Minutos antes, contudo, ele voltou a chamar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de genocida e o responsabilizou pelas mortes de brasileiros na pandemia.
Lula chegou por volta das 11h30 (horário local) na praça Cristo Redentor, na orla de Parintins, onde era aguardado por cerca de 10 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar.

Participaram da cerimônia o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), e o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), –ambos apoiaram Jair Bolsonaro (PL) em 2022.

O público vaiou o governador amazonense e gritou “fora, Wilson Lima”, mas o presidente o cumprimentou e ficou ao seu lado durante o discurso.

Juntos, presidente e governadores participaram do relançamento do Luz para Todos, programa de eletrificação de localidades remotas lançado em 2003 que foi uma das principais marcas de seus dois primeiros mandatos.

Nesta nova fase, a meta do programa é beneficiar até 500 mil famílias até 2026, com prioridade para os estados da região Norte e regiões remotas da Amazônia Legal. Desde 2003, mais de 3,6 milhões de famílias foram atendidas com acesso ao serviço público de distribuição de energia elétrica.

No mesmo evento, o presidente inaugurou o “linhão do Tucuruí”, linha de transmissão de 480 quilômetros de extensão que passaram a interligar os municípios de Itacoatiara (AM), Parintins (AM) e Juruti (PA) ao Sistema Interligado Nacional.

Ao todo, a região amazônica possui 211 sistemas isolados, que precisam gerar a própria energia a partir de combustíveis fósseis, em áreas onde vivem cerca de três milhões de pessoas.

O presidente ainda assinou uma ordem de serviço de uma nova linha de transmissão que vai conectar Roraima ao Sistema Interligado Nacional, em um investimento de R$ 2,6 bilhões. Roraima é o único estado brasileiro que ainda é isolado do sistema nacional.

Os moradores de Boa Vista e cidades próximas dependem de usinas termelétricas movidas a óleo diesel, gás natural, biomassa, além de uma pequena central hidrelétrica. A expectativa é de mais de 11 mil empregos diretos e indiretos com as obras, que devem ser concluídas em setembro de 2025.

Outro decreto assinado pelo presidente Lula amplia as possibilidades de intercâmbio de energia elétrica com países que fazem fronteira com o Brasil, permitindo a importação de energia da Venezuela para o estado de Roraima.