Renato Machado/Folhapress
O presidente Lula (PT) usou seu pronunciamento na noite de quarta-feira (6) para exaltar os avanços e índices econômicos atingidos ao longo dos oito meses do seu terceiro mandato, além de pedir união no país e pedir um 7 de Setembro “sem ódio”.
Lula fez um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, às vésperas das celebrações do Dia da Independência. “Amanhã não será um dia nem de ódio, nem de medo, e sim de união. O dia de lembrarmos que o Brasil é um só. Que sonhamos os mesmos sonhos”, afirmou o presidente.
Esse será o primeiro 7 de Setembro do terceiro mandato de Lula.
A cerimônia será realizada oito meses após os atos golpistas de 8 de janeiro, quando militantes bolsonaristas invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso Nacional.
Assim como em seu pronunciamento, a tônica do desfile será dada na questão da pacificação e união do país. Como mostrou a Folha de S.Paulo, o slogan da cerimônia será “Democracia, soberania e união”.
Um dos objetivos será buscar associar as Forças Armadas com democracia, após meses de desconfiança por causa da aproximação da cúpula militar com o bolsonarismo e mesmo as suspeitas relativas ao 8 de janeiro.
Além dos desfiles, acontece há uma semana uma exposição com veículos militares na Esplanada dos Ministérios. Ao mesmo tempo em que prevê oficialmente um evento pacífico, as instituições de segurança do novo governo trabalham para evitar ações de militantes bolsonaristas.
Lula usou no passado a cadeia de rádio e televisão para pronunciamentos em quatro vésperas do Dia de Independência, durante seus dois primeiros mandatos. Só não se valeu desse expediente em 2003 e 2004 e também nos anos de eleição presidencial, por conta de vedações da Justiça.
O petista já aproveitou esses pronunciamentos para rebater denúncias de corrupção, celebrar avanços econômicos, alertar contra o risco da inflação e exaltar o “Brasil do futuro” com a descoberta do pré-sal.
Em 2005, por exemplo, dedicou uma boa parte de sua fala para abordar o caso do Mensalão, embora não o tenha mencionado nominalmente.
“A crise política também será vencida, pelo Congresso, pelo governo e pelo povo brasileiro. Será vencida com a apuração cabal de todas as denúncias e com a punição rigorosa dos culpados. Nem eu e nem vocês admitiremos qualquer contemporização, nenhum acordo subalterno. Doa a quem doer, sejam amigos ou adversários”, afirmou o presidente, na ocasião.
Em anos seguintes, o destaque do pronunciamento foi todo para a descobertas das jazidas do pré-sal, em que visualizava o nascimento de um novo Brasil, previa décadas de prosperidade, ao mesmo tempo que pedia responsabilidade com o uso desses recursos.
“É comum que o 7 de Setembro sirva para a gente enaltecer o passado e pensar o presente. Desta vez é diferente: este é o 7 de Setembro de o Brasil festejar o futuro. De celebrar uma nova independência”, afirmou o presidente no pronunciamento de 2009.