O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira, que enviou um convite ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para participar da COP30. O evento ocorrerá em novembro, em Belém (PA). O petista declarou, ainda, que pode se encontrar com o mandatário americano na Assembleia Geral da ONU, em setembro, quando tradicionalmente o presidente do Brasil abre as sessões de discursos antecedendo o dos EUA.
“Não sei se ele já respondeu, mas espero que ele responda. Porque eu respondo todas as cartas que eu recebo”, disse Lula, em entrevista à rádio e TV Band News.
Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris no primeiro dia do seu segundo mandato, em janeiro deste ano. Desde então, a expectativa é de que os americanos não enviem delegação para a COP30, em Belém.
No início de agosto, Trump chegou a afirmar que Lula pode ligar para ele “quando quiser”. A declaração foi dada em resposta a uma pergunta da repórter Raquel Krähenbühl, da TV Globo, sobre a possibilidade de diálogo entre os dois líderes. No mesmo dia, em resposta, o petista respondeu:
“Sempre estivemos abertos ao diálogo. Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições. Neste momento, estamos trabalhando para proteger a nossa economia, as empresas e nossos trabalhadores, e dar as respostas às medidas tarifárias do governo norte-americano”, escreveu nas redes sociais.
Apesar disso, poucos dias depois, Lula disse que não ligaria para tratar do tarifaço imposto ao Brasil para “não se humilhar”, mas entraria em contato somente para convidá-lo para a conferência climática. “Não vou ligar para o Trump para comercializar, porque ele não quer falar. Mas pode ficar certa, Marina (Silva, ministra do Meio Ambiente), que vou ligar para convidá-lo para vir pra COP”, disse.
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Ainda durante a entrevista para a Bandnews, nesta terça-feira, Lula ressaltou: “Espero que algum dia eu possa encontrar como presidente Donald Trump e conversar como dois seres humanos civilizados, como deve ser a relação entre dois chefes de estado”.
Em carta aberta publicada nesta terça, o Observatório do Clima, maior rede de ONGs da agenda climática do Brasil, criticou o que chamou de “negligência” do governo federal e estadual do Pará na preparação da COP 30. O Observatório afirmou que há risco de ser a COP “mais excludente da história”, com a redução de delegações por causa dos altos preços de hotéis e que há risco de um “vexame histórico” para o país.
Nas últimas semanas, o problema de logística, em especial falta de oferta e altos preços de hospedagem, vem sendo o principal tema sobre a COP30. Para o Observatório do Clima, a culpa para esse tema que “explodiu agora” é da “negligência do governo federal e do governo do Pará, que tiveram dois anos e meio para equacionar a questão”.
Na semana, o presidente da Áustria afirmou que não virá ao Brasil por causa dos altos custos, e delegações de muitos países, especialmente os mais pobres, vêm relatando dificuldades para conseguirem acomodações. Por causa desse cenário, “a COP no Brasil arrisca ser a mais excludente da história”, afirmou o Observatório do Clima, que diz que a redução de delegações afeta até a legitimidade das negociações.
Texto de: Yago Godoy
