Eliane Oliveira/Agência Globo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que não pretende adotar o gênero ou a cor como critério para escolher quem vai assumir a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) no lugar da ministra Rosa Weber. Questionado sobre a indicação, o presidente afirmou ter “várias pessoas na mira”.
“O critério não será mais esse. Eu estou muito tranquilo de escolher uma pessoa que possa atender os interesses do Brasil. Uma pessoa que tenha respeito pela sociedade brasileira. Que tenha respeito, mas não medo da imprensa. Sem precisar ficar votando pela imprensa. Já tem várias pessoas em mira”, afirmou. “Não precisa perguntar questão de gênero ou de cor. No momento certo vão saber quem eu vou conhecer”.
Sobre a sucessão na Procuradoria-Geral da República (PGR), em que Lula também precisa decidir um nome para substituir Aras, o presidente disse que ainda está conversando. Aras deixa o comando da PGR nesta terça-feira.
“Vou escolher tudo no seu tempo. Estou ouvindo, conversando para tomar uma decisão”.
Lula tem sido cobrado por indicações de mulheres e negros para a Suprema Corte. A pressão aumentou após Lula demitir a ministra Ana Moser (Esportes) e reduzir o número de mulheres no primeiro escalão. Antes, indicou o advogado Cristiano Zanin para a vaga do ex-ministro Ricardo Lewandowski.
O presidente, no entanto, quer indicar uma pessoa com quem tenha relação e seja de sua confiança. Atualmente, os mais cotados são Flávio Dino, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, e Jorge Messias, ministro da Advocacia-Geral da União.
Como mostrou o GLOBO, a concorrência interna para tentar influenciar Lula para as indicações do STF e da PGR ampliou o clima de disputa no governo. Uma ala ligada ao PT e ao Prerrogativas defende a indicação de Messias, para o STF, e o subprocurador-geral Antônio Carlos Bigonha para a PGR. O mesmo grupo também trabalha para fatiar o Ministério da Justiça e comandar a área da Segurança Pública. A crise na Bahia, estado comandado pelo PT, acentuou no partido a defesa pela criação de uma marca no setor.
Do outro lado, aliados de Dino argumentam que ele tem conseguido atuar para “desbolsonarizar” instituições como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.