A “briga” eleitoral entre Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está cada vez mais acalorada. Uma das muitas discussões entre os dois é a questão religiosa e, consequentemente, o apoio da igreja. Lula se manifestou sobre o assunto, em seu primeiro encontro de campanha com líderes evangélicos.
“Se tem um brasileiro que não precisa provar que acredita em Deus, esse brasileiro sou eu. Eu não teria chegado aonde cheguei se não fosse a mão de Deus dirigindo meus passos”, disse nesta sexta (9) em São Gonçalo (RJ), durante ato organizado pelo núcleo evangélico do PT. “Tenho certeza que lá de cima ele vai dizer: Lula, cuida deste povo aqui.”
LEIA TAMBÉM:
+ Bolsonaro decreta luto por Rainha e ignora naufrágio no Pará
+Gleisi atribui assassinato de petista a comando de Bolsonaro
“Aprendi que o Estado não deve ter religião, não deve ter igreja, deve garantir o funcionamento e a liberdade de muitas igrejas.”
Lula renovou sua promessa frequente de trazer churrasco para os lares brasileiros, só omitindo a cerveja que costuma incluir no pacote. “As famílias adoram se reunir no final de semana e comer um churrasquinho”, disse. A bebida alcoólica, desaconselhada nas igrejas, ficou de fora dessa vez.
O bolsonarismo esteve na mira em alguns momentos, nem sempre com citações nominais. Lula disse, por exemplo, que “ninguém pode mentir em nome de Deus, aliás ninguém deve usar o nome de Deus em vão, ninguém deve usar o nome de Deus para tentar ganhar voto”. Referência às corriqueiras menções religiosas na campanha do adversário Jair Bolsonaro (PL).
Ele voltou a acusar o presidente de “roubar o Sete de Setembro do povo brasileiro”. A data deveria ser cívica, mas Bolsonaro “fez uma festa para ele”, disse.
O discurso para religiosos foi vários tons abaixo da belicosidade contra o rival na véspera. Em Nova Iguaçu (RJ), Lula comparou os atos bolsonaristas no bicentenário da Independência a uma “reunião da Ku Klux Klan”.
Vice na chapa lulista, o ex-governador e ex-adversário Geraldo Alckmin (PSB) apontou que precisou um pastor para mudar o mundo meio século atrás: o batista Martin Luther King, ícone americano da luta contra o racismo.
“Quem quer Lula presidente diz amém!”, bradou o pastor batista Oliver Goiano diante da plateia de crentes, para abrir o ato. Pregações se seguiram, com orações e falas proselitistas.
A reunião foi programada para tentar diluir a resistência na base evangélica a Lula e à esquerda que ele representa. Pesquisa Datafolha deste mês dá a Bolsonaro 48% desse eleitorado cristão, contra 32% do ex-presidente.