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Lula ataca Bolsonaro e corrupção

Lula prometeu, na entrevista, fazer a renegociação de dívidas das famílias de baixa renda.  FOTO: RICARDO STUCKERT
Lula prometeu, na entrevista, fazer a renegociação de dívidas das famílias de baixa renda. FOTO: RICARDO STUCKERT
Lula prometeu, na entrevista, fazer a renegociação de dívidas das famílias de baixa renda. FOTO: RICARDO STUCKERT

Carol Menezes

Candidato à presidência da República pelo PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a entrevista concedida à Rádio Clube e ao Portal DOL na manhã de ontem, 31, para falar das denúncias envolvendo a família Bolsonaro ao ser questionado sobre corrupção.

Na conversa de quase 40 minutos com o jornalista Nonato Cavalcante, além de muitas críticas ao atual presidente, Lula aproveitou para reforçar algumas promessas de sua campanha, dentre elas a criação de uma renda básica, renegociação de dívidas de luz e água da população de baixa renda e a retomada do programa habitacional “Minha Casa Minha Vida”.

“O Brasil era um país protagonista internacional e hoje o Brasil não é ouvido por nenhum país e ninguém quer ouvir o Brasil. Nem ninguém convida o presidente para ir lá e ninguém quer vir aqui. Então a minha volta é na verdade um desejo de uma parcela muito grande da população da sociedade brasileira, e de dez partidos políticos que apoiam a minha candidatura. E eu acho que o povo vê na minha candidatura a expectativa de voltar o Brasil como era no meu tempo: um país alegre”, declarou o petista, no início da entrevista, lembrando dos investimentos relacionados ao programa Luz Para Todos, na BR-163, na hidrelétrica de Tucuruí. “O interesse era que o povo mais necessitado conquistasse a cidadania”, explicou.

Com um tom bem mais assertivo do que o utilizado no primeiro debate presidencial promovido pela Rede Bandeirantes e pool de veículos de comunicação no último domingo (28),

Lula relembrou das rachadinhas envolvendo o ex-policial militar Fabrício Queiroz, amigo de longa data do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e apontado como condutor do esquema de desvio de salários no gabinete do então deputado estadual pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro, hoje também filiado ao Partido Liberal.

“Temos agora um presidente da República que sequer exigiu investigação do Queiroz. Que sequer exigiu a investigação de seus filhos, e sequer investigou as denúncias que a CPI encontrou contra Pazuello nas negociatas da vacina. Um presidente da República que não apenas coloca a sujeira embaixo do tapete, mas que coloca sigilo de cem anos em toda e qualquer denúncia contra ele”, afirmou o candidato.

Quando o assunto chegou nos escândalos do Mensalão e do Petrolão, Lula focou no que sua gestão fez para combater esse tipo de atuação criminosa, citando a criação do Portal da Transparência, a transformação de Controladoria Geral da União em ministério, a Lei de Acesso à Informação, a reformulação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) dentre outras medidas. “Ele [Bolsonaro] mentiu muito no debate da Bandeirantes, a desfaçatez dele de mentir é algo indescritível. Vamos ver a diferença do comportamento desses caras com o meu governo”, desafiou.

RENDA

Lula defendeu a criação de uma renda básica. “O papel do Estado é ajudar as pessoas mais necessitadas, tem que ter programa sério”, enfatizou. Um novo governo do PT deve oferecer ainda políticas públicas voltadas para a geração de emprego, oferta de casa e luz, por exemplo, garantiu. Consta ainda nas propostas de governo renegociar dívidas da população com prefeituras e empresas – cerca de 22% desses débitos são de contas de água e luz. O ex-presidente também prometeu recriar o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social, que deve retomar conferências nacionais para definir políticas públicas.

Outra promessa feita envolve a volta do “Minha Casa Minha Vida”. “Vamos retomar porque o cidadão que está aí prometeu umas casas verde e amarela e não fez casa, nem pintou de verde e amarelo”, alfinetou Lula, em referência ao Casa Verde e Amarela, o programa habitacional que substituiu o MCMV.

 

ORÇAMENTO

Se eleito, Lula disse que vai acabar com o orçamento secreto, mecanismo usado pelo governo Bolsonaro para angariar apoio no Congresso e revelado pelo Estadão. O petista classificou o aparato como “a farra do boi”. “Imagina o Orçamento Secreto? Se fosse uma coisa boa, honesta, por que seria secreto? Então veja, eles estão gastando o que tem e o que não tem. É a farra do boi”, criticou. O petista afirmou que acertará com o Congresso uma “coisa mais séria, mais decente e mais digna”. Em entrevistas recentes, Lula tem sinalizado para a criação de um “orçamento participativo”.

Por fim, não poupou falas classificando de “uso eleitoreiro” a aplicação do Auxílio Brasil. Para o candidato, Bolsonaro queria algo bem menor, mas mudou de ideia ao encasquetar com a ideia de um segundo mandato. “Agora, às vésperas das eleições, ele resolve mudar para R$ 600. Essa é uma alternativa política criada por ele para tentar ganhar voto”, atacou. “Na história do Brasil, não houve nenhum presidente que esteja gastando a quantidade de dinheiro que o atual presidente está para tentar se reeleger. É uma vergonha. O governo nem sabe para quem está dando esse dinheiro”, reforçou.

Na entrevista, Lula garantiu a continuidade do pagamento de R$ 600 em 2023. “Eu posso dizer que nós vamos bancar R$ 600 de auxílio. E o Bolsonaro está mentindo outra vez. Ele acabou de mandar a Lei de Diretrizes Orçamentárias para o Congresso e nesse projeto não está a continuidade do Auxílio Emergencial. É importante lembrar que o presidente queria R$ 200, a oposição conseguiu 600, ele reduziu para 400, e agora que faltam 30 dias para as eleições ele resolveu aumentar para 600 na expectativa de ganhar voto”, explanou.