
Um grupo de lideranças Kayapó percorreu mais de dois mil quilômetros até Brasília para protestar contra a indicação de um nome sem qualquer relação com a saúde indígena para o cargo de coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) em Redenção, no Pará. O indicado é sobrinho do senador Zequinha Marinho, advogado registrado pela OAB Pará com atuação profissional em Redenção. Casimiro é irmão de Lázaro Marinho, que chefiou o mesmo DSEI entre 2017 e 2020 e foi exonerado após protestos indígenas. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União no dia 29 de setembro.
A Federação Estadual dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), publicou nota de repúdio à nomeação alegando que a decisão foi tomada sem diálogo com os povos indígenas, desrespeitando a Convenção 169 da OIT e a Constituição Federal, que garantem a consulta prévia, livre e informada.
“Reafirmamos que a escolha para cargos que impactam diretamente a vida dos povos indígenas deve ser feita com participação efetiva das comunidades e suas lideranças. Reforçamos a necessidade urgente de consulta às comunidades Kayapó para garantir que o processo de escolha da coordenação do DSEI que atende à população Kayapó, respeite a autonomia e a decisão das lideranças locais”, protestaram os representantes da Fepipa.
Os indígenas anunciaram que pretendem acionar órgãos de defesa de direitos humanos e intensificar a pressão junto ao Congresso Nacional e ao Executivo, cobrando a revogação da nomeação e a abertura de diálogo efetivo com as comunidades. Para eles, a luta pela saúde indígena é também uma luta pelo respeito e pela dignidade dos povos originários.