
A Justiça do Rio Grande do Sul determinou, neste sábado, a revogação da prisão do homem acusado de ter planejado um ataque à bomba previsto para acontecer durante o show da cantora Lady Gaga na praia de Copacabana, na semana passada. O suspeito, identificado como Luis Fabiano da Silva, foi detido em flagrante no dia seguinte ao show da artista, em Novo Hamburgo (RS) ao ser encontrado com uma arma.
Horas depois da prisão no domingo, ele foi solto mediante ao pagamento da fiança. No entanto, voltou a ser preso por determinação da Justiça do RS na terça-feira, após faltar sua audiência de custódia. Segundo os investigadores, um grupo, que seria supostamente coordenado por Luis, disseminava ódio e preparava um plano para realizar uma ação com o foco no público LGBTQIA+ que assistia ao show de Gaga na praia.
A ordem de prisão, contudo, foi revogada por decisão de um juiz plantonista do RS neste sábado. O magistrado Jaime Freitas da Silva concedeu liberdade a Luis Fabiano ao justificar que ele não estaria sendo investigado pela Justiça do Rio de Janeiro neste momento. Isso porque, segundo ele, o nome dele teria vindo à tona somente porque o IP (número único de cada computador ou servidor na internet) dele teria sido usado pelo coordenador do ataque.
“Não está sendo investigado, no momento, pela comarca do Rio de Janeiro (RJ), como um dos envolvidos na suposta tentativa de atentado e seu nome somente veio à tona em face de o número do IP constar no rol dos utilizados pelo mentor da prática delituosa”, escreveu o magistrado.
A afirmação foi sustentada pela menção a um relatório técnico do Núcleo de Inteligência do MP-RS que, segundo o juiz, reforçaria a hipótese de que o IP do suspeito no RS teria sido clonado. “Obviamente, que a presente decisão não tem o condão de afastar em definitivo a responsabilização dele no atentado, inclusive porque as investigações deverão ser concluídas na comarca do Rio de Janeiro”, disse o magistrado.
Revogação da Prisão e Medidas Cautelares
Ele também relembrou que Luis Fabiano foi preso incialmente por porte ilegal de arma, cuja pena é de um a três anos de prisão e o pagamento de uma multa, e que não apresentava antecedentes criminais, o que teria possibilitado a revogação da prisão preventiva. Mesmo em liberdade, ele deverá cumprir medidas cautelares que incluem o comparecimento bimestral na sede da comarca onde reside para se apresentar, a comunicação de qualquer alteração de endereço e número de telefone e a determinação de não se ausentar do local onde mora, por mais de 15 dias, sem comunicar o juízo onde poderá ser localizado.
Procurado, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro afirmou que “na busca pelo nome no sistema, não foi localizado processo em nome de Luis Fabiano” e que “caso exista um inquérito sob investigação policial, o caso fica em sigilo até a denúncia oferecida pelo Ministério Público”. O GLOBO também tenta contato com o Ministério Público do Rio Grande do Sul para esclarecimentos sobre o relatório mencionado pelo magisrtrado.
Detalhes da Descoberta do Atentado
Saiba como a polícia descobriu o atentado com explosivos planejado para o show de Lady Gaga
A informação sobre um plano de ataque com explosivos artesanais no show de Lady Gaga chegou à Polícia Civil do Rio dez dias antes do evento, por meio do serviço de inteligência. Segundo o delegado Felipe Curi, secretário da pasta, uma denúncia recebida dias depois pelo Disque-Denúncia (2253-1177), também ajudou a confirmar a existência de um planejamento para executar a ação.
O plano era elaborado por meio de uma plataforma de mensagem e áudio e envolveria uso de coquetéis molotov e outros explosivos artesanais. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, Curi também pontuou que a investigação terá novos desdobramentos a partir da análise do que foi apreendido com os suspeitos.
Durante a operação, batizada de “Fake Monster”, a ação identificou que os suspeitos estariam recrutando jovens pela internet para promover os ataques. Todos são investigados por terrorismo e incitação ao crime. Foram apreendidos, na ocasião, telefones celulares e notebooks. Todo material passará por uma análise e ainda por uma perícia. Novos detalhes do caso são mantidos em sigilo para não atrapalhar as investigações.