
Em entrevista concedida ao UOL, o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, afirmou que a ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) para famílias com renda entre R$ 8 mil e R$ 12 mil foi uma resposta à falta de crédito imobiliário disponível para esse público. Segundo o ministro, essa faixa de renda — considerada classe média — estava “desatendida” pelas políticas habitacionais atuais.
A principal razão apontada é a redução dos recursos da poupança — base do financiamento habitacional no país. De acordo com dados do Banco Central, apenas no primeiro trimestre de 2025, os brasileiros sacaram R$ 45,7 bilhões da caderneta, valor mais que o dobro do registrado no mesmo período de 2024. Com menos dinheiro para empréstimos, os bancos aumentam os juros, dificultando o acesso à casa própria.
A medida foi anunciada como parte de um conjunto de ações do governo Lula para reconquistar o apoio da classe média, parcela estratégica do eleitorado. Apesar disso, o ministro negou que a iniciativa tenha cunho eleitoreiro. “Todo governo quer ter popularidade, isso é óbvio. Mas a ampliação da faixa foi uma resposta à alta da taxa Selic e à queda dos recursos na poupança”, disse Jader Filho.
Em março, a taxa Selic foi elevada para 14,25% — o maior nível desde 2016 — e a previsão é de novo aumento nos próximos meses. Segundo o ministro, o encarecimento do crédito afetou diretamente os trabalhadores de classe média, como professores e operários, que passaram a enfrentar mais obstáculos para financiar a casa própria.
Jader também revelou que a sugestão de incluir a nova faixa no programa partiu de uma reunião com o presidente Lula, que destinou parte dos recursos do fundo social à habitação. “As faixas mais baixas já estão sendo atendidas pelo programa. Quem está desatendido é essa parcela da população com renda entre R$ 8 mil e R$ 12 mil”, explicou.