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IPCA-15 tem 1ª deflação em dez meses com queda da conta de luz

Recuo da conta de luz e dos preços de alimentos causou deflação

Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Recuo da conta de luz e dos preços de alimentos causou deflação Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Leonardo Vieceli/Folhapress

 

Com o recuo dos preços de energia elétrica e alimentos, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) teve queda de 0,07% em julho, informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A deflação (baixa) foi maior do que o recuo esperado pelo mercado. Na mediana, as projeções de analistas consultados pela agência Bloomberg indicavam queda de 0,02%, após o leve avanço de 0,04% registrado pelo índice em junho.

O novo resultado marca a primeira deflação do IPCA-15 em dez meses, desde setembro de 2022. À época, o recuo havia sido de 0,37%, sob impacto dos cortes tributários do governo Jair Bolsonaro (PL) perto das eleições presidenciais. Depois, o índice teve nove avanços consecutivos. Considerando apenas os meses de julho, a queda de 0,07% é primeira desde 2017. Naquela ocasião, o recuo havia alcançado 0,18%.

Com a variação de julho de 2023, a alta acumulada em 12 meses pelo IPCA-15 desacelerou a 3,19%. Trata-se da menor elevação desde setembro de 2020 (2,65%). Nesse recorte, o avanço era de 3,40% até junho.

O índice oficial de inflação do Brasil é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também divulgado pelo IBGE.

Como a variação do IPCA é calculada ao longo do mês de referência, o resultado de julho ainda não está fechado. Será conhecido no dia 11 de agosto.

O IPCA-15, pelo fato de ser divulgado antes, sinaliza uma tendência para os preços. Sua variação é coletada entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência dos dados neste caso, de 15 de junho a 13 de julho.

EXPECTATIVA

A divulgação do IPCA-15 ocorre às vésperas da nova reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central). O encontro está agendado para a semana que vem, nos dias 1° e 2 de agosto.

Com a trégua da inflação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aliados vêm pressionando o BC pelo corte na taxa básica de juros, a Selic. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano.

Analistas preveem que o Copom iniciará o ciclo de redução da taxa na próxima reunião. A principal dúvida de parte dos economistas é a respeito da intensidade do corte de 0,25 ponto percentual ou de 0,5 ponto percentual.

ENERGIA E ALIMENTOS

Segundo o IBGE, a deflação de 0,07% do IPCA-15 em julho foi puxada pela queda dos preços da energia elétrica residencial.

A conta de luz teve baixa de 3,45% após a incorporação do chamado Bônus de Itaipu nas faturas. É um crédito pontual em razão do saldo positivo na comercialização de energia da usina binacional em 2022.

Com o impacto da conta de luz, o grupo habitação recuou 0,94% em julho. Assim, contribuiu com -0,14 ponto percentual para a baixa do IPCA-15. Ainda nesse segmento, houve queda nos preços do botijão de gás (-2,10%).

O IBGE também ressaltou que o grupo alimentação e bebidas teve deflação de 0,40% em julho. Foi a segunda principal contribuição (-0,09 ponto percentual) para a queda do IPCA-15, atrás apenas de habitação.

O resultado de alimentação e bebidas está relacionado, principalmente, à deflação da alimentação no domicílio (-0,72%), que já havia recuado em junho.