Garantir às mulheres autonomia sobre sua vida sexual e reprodutiva segue sendo um desafio no Brasil. Apesar dos avanços, os números revelam que o acesso à informação e aos métodos contraceptivos ainda é insuficiente, sobretudo entre adolescentes.
De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), antes da pandemia 55% das gestações não eram planejadas. Esse percentual subiu para 62% durante a crise sanitária, segundo levantamento com mil gestantes. Em adolescentes, o índice chega a 80%, e estudo da Unicamp identificou que 65,7% das gestações no país não são planejadas.
Embora a cobertura contraceptiva varie entre 70% e 80%, a taxa esconde desigualdades: Sul e Sudeste apresentam índices melhores, mas o cenário ainda está distante do ideal para um país de dimensões continentais.
Métodos e adesão
A presidente da Comissão Nacional de Anticoncepção da federação Ilza Maria Urbano Monteiro, aponta que os LARC’s (métodos reversíveis de longa ação), como o DIU e o implante transdérmico, são os mais eficazes por não dependerem da lembrança diária da paciente. No entanto, apenas 3% a 4% das brasileiras utilizam o DIU.
O uso de métodos menos indicados em certos casos ainda predomina. Estudo nacional de 2016 mostrou adesão de 28,2% às pílulas combinadas e 4,5% aos injetáveis, mesmo com contraindicações frequentes, como hipertensão arterial e enxaqueca com aura.
Políticas públicas como solução
Segundo a especialista, ampliar o acesso a diferentes métodos contraceptivos depende de investimento governamental em Planejamento Familiar.
“Quanto mais acesso a métodos eficazes como os LARC’s, menor será o número de gestações não planejadas, que têm um custo muito maior para as famílias e para o sistema de saúde”, afirma.