Abalada emocionalmente após uma separação, a vítima entrou em contato com a suposta religiosa e encomendou um ritual de “amarração”.

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu oito pessoas durante uma operação contra uma organização criminosa especializada em aplicar o conhecido “Golpe do Falso Pai de Santo”. Além do estado gaúcho, a investigação teve alcance interestadual e chegou até São Paulo. 

A vítima foi uma mulher que perdeu mais de  R$ 180 mil em supostos “trabalhos espirituais” prometidos por criminosos que se passavam por líderes religiosos nas redes sociais. Tudo começou em maio de 2025, quando a vítima viu em uma rede social um anúncio de uma suposta “Mãe de Santo” que dizia ter o poder de “trazer o amor de volta”

Abalada emocionalmente após uma separação, a vítima entrou em contato com a suposta religiosa e encomendou um ritual de “amarração”, no valor de R$ 300. Após o pagamento, a falsa mãe de santo alegou que seria necessário um “trabalho de dominação de coração”, exigindo mais R$ 750,00.

Quando tentou desistir, a mulher foi informada de que o cancelamento não seria possível porque os “nomes já estavam na mesa”, e que as entidades poderiam puni-la caso interrompesse o processo. A partir daí, começou uma escalada de exigências e ameaças.

Em poucos dias, a “religiosa” passou a pedir valores cada vez maiores, alegando que as entidades espirituais exigiam novos rituais, como “benzimentos”, “casamento de almas” e “afastamento de rivais”. A criminosa ainda garantia que todos os valores seriam devolvidos em poucas horas após cada ritual, o que nunca aconteceu.

“Chefe do terreiro”

Poucos dias depois, outro personagem entrou em cena: um homem que se apresentou como “Pai de Santo”, suposto chefe do terreiro. Em tom autoritário, ele começou a intimidar a vítima, dizendo que ela estaria “enganando as entidades” e que sofreria consequências se não realizasse os pagamentos exigidos.

Os criminosos se revezavam em mensagens e ligações, utilizando uma linguagem mística e ameaçadora. A vítima, temendo ser exposta ao ex-companheiro, acabou cedendo às pressões e realizando sucessivas transferências via Pix e TED para diferentes contas bancárias.

Os valores pagos foram destinados a contas de diversas pessoas físicas, em diferentes instituições financeiras. Os pagamentos variavam entre R$ 1.500,00 e R$ 37.000,00, chegando a somar mais de R$ 180 mil ao longo de um mês.

Cansada, emocionalmente abalada e endividada, a vítima finalmente decidiu procurar a Polícia Civil, que agora investiga o caso como estelionato e extorsão. As investigações indicaram que o grupo criminoso atuava de forma organizada, utilizando perfis falsos em redes sociais para captar pessoas em momentos de sofrimento emocional.

Editado por Débora Costa