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A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) rejeitou o recurso de um enfermeiro que tentava reverter sua dispensa por justa causa da Fundação Universitária de Cardiologia, de Porto Alegre (RS). O caso ocorreu em 2019, quando duas funcionárias prenderam uma chupeta na boca de um bebê de quatro meses internado na UTI pediátrica com fita adesiva, e o enfermeiro, responsável pelo plantão, manteve a situação. A decisão foi unânime, considerando a gravidade da conduta, que colocou a vida da criança em risco.
O enfermeiro, admitido em 2017 e demitido em 2019, alegou na ação que foi penalizado sem ter cometido infração disciplinar ou falta grave. No entanto, o hospital apresentou provas de que, em 7 de agosto de 2019, funcionárias do turno da manhã encontraram o bebê com a chupeta fixada com micropore. As imagens de segurança mostraram que duas funcionárias do turno noturno haviam realizado o procedimento, e o enfermeiro, responsável pela escala, visitou o paciente e manteve a fixação. A chupeta permaneceu na boca do bebê durante todo o plantão, sendo retirada apenas para aspiração orofaríngea.
Risco de morte e decisão judicial
O hospital argumentou que o procedimento foi “absolutamente inapropriado do ponto de vista técnico”, já que a obstrução da boca poderia levar à aspiração de vômito ou impedir a respiração, caso a traqueostomia fosse obstruída, resultando em parada respiratória e risco de morte. O juízo de primeiro grau e o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4) mantiveram a dispensa por justa causa, considerando que o enfermeiro era o responsável pelo setor e que a punição foi proporcional à gravidade dos fatos.
O ministro relator do caso no TST, Hugo Scheuermann, destacou que a fixação da chupeta com micropore em um bebê internado na UTI pediátrica apresentava diversos riscos à saúde, incluindo o risco de morte.
“Se a tentativa era aliviar o estresse do paciente, a atitude foi errada, pois havia muito mais risco à saúde da criança de quatro meses”, afirmou.
Scheuermann também ressaltou que o enquadramento jurídico da conduta do enfermeiro como “mau procedimento” foi apropriado e proporcional à falta cometida. A decisão da Primeira Turma do TST foi unânime, mantendo a dispensa por justa causa e reforçando a responsabilidade dos profissionais de saúde em garantir a segurança dos pacientes.
O caso serve como alerta para a importância de condutas éticas e técnicas adequadas em ambientes de alta complexidade, como UTIs pediátricas, onde qualquer erro pode ter consequências graves.