Presa em flagrante depois que a polícia encontrou uma seringa com substância em sua pochete, a enfermeira foi acusada pelo Ministério Público por tentar matar 11 crianças. Elas teriam recebido as doses nas primeiras seis horas de vida, e apresentaram problemas respiratórios e convulsões, sendo levadas a UTI neonatal.
A direção do hospital onde os crimes ocorreram pediu ajuda da polícia após casos sucessivos de bebês que nasciam bem e, poucas horas depois, apresentavam o mesmo quadro: ficavam moles e desmaiavam necessitando até do respirador artificial. Segundo as investigações, os casos só ocorreram nos dias de plantão de Vanessa.
O uso de morfina foi confirmado em um laudo pericial encomendado pelo MP. A técnica de enfermagem ficou em prisão preventiva por quase um ano.
Ao longo do interrogatório, ela confessou ter ministrado medicamentos aos bebês, sem determinar o número de vítimas, nem dizer qual remédio utilizava. Vanessa descreveu que os remédios eram dados com uma seringa na boca dos recém-nascidos e que praticou os crimes por desconhecer, na época, que sofre de um transtorno metal.
“Não conseguia parar de fazer (ministrar os remédios) mesmo sabendo que era errado. O que lembro é que nunca virei as costas para nenhuma delas (referindo que auxiliou no socorro)”, disse.
O advogado Flávio de Lia Pires, que representou Vanessa nos tribunais, sustentou que “não há elementos que indicam substâncias no organismo de todas as crianças com sintomas”, e acrescentou que a ré “tem doze transtornos mentais”.
“No momento que ela praticava as condutas não tinha condições de se autodeterminar. Não conseguia conter os seus impulsos. Agiu fora da realidade, a ré nunca teve comportamento dentro da normalidade”, pontuou.
Uma das testemunhas foi o psiquiatra forense Silvio Antônio Erne, contratado como assistente técnico pela defesa. Ele garantiu que a ré possui um transtorno de personalidade do tipo impulsivo e instável, com dificuldade de conter impulsos.