O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), afirmou que a COP30 (30ª conferência das Nações Unidas sobre o clima) em Belém, será um sucesso, apesar da “coisa negativista brasileira, [que] sempre acha que vai dar tudo errado”.
Ele participou nesta segunda (23), na capital francesa, de uma cúpula internacional de prefeitos para fazer um balanço dos dez anos do Acordo de Paris, tratado internacional de contenção do aquecimento global, e projetar a conferência de novembro na capital do Pará.
Paes fez uma analogia com a própria experiência como prefeito organizador de megaeventos. “Eu vi isso muito na Olimpíada [em 2016], na Copa do Mundo [em 2014], e as coisas caminharam superbem”, afirmou em entrevista à Folha durante a cúpula.
“Belém vai receber superbem. É óbvio, é um evento muito grande, e você vai ter sempre algumas questões de hospedagem, de infraestrutura. Mas o governo do Pará está resolvendo, a prefeitura de Belém está resolvendo.”
Os últimos meses foram marcados por relatos de cobrança de preços abusivos pela hospedagem durante o período de realização da COP30, devido à insuficiência de leitos em Belém para receber um público estimado em 50 mil pessoas. Representantes de vários países questionaram o Brasil a respeito em uma reunião preparatória na semana passada em Bonn, na Alemanha.
À reportagem e em seu discurso no evento em Paris, Paes elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela escolha de Belém. “Foi uma decisão acertada do presidente Lula, de levar para uma cidade na amazônia para discutir a amazônia. Até para a turma de fora, os gringos verem que nós não estamos falando só de floresta e bicho. Tem cidades grandes, gente que precisa viver ali”, explicou à Folha.
No discurso em inglês, afirmou ter estabelecido “uma ótima relação de trabalho” com Lula, através do “federalismo ambiental”, ou seja, a inclusão de Estados e municípios na discussão e implantação das NDCs. Essa é a sigla em inglês para “contribuições nacionalmente determinadas”, as metas climáticas que cada país se propõe a cumprir em nome do Acordo de Paris.
Notícias Relacionadas
No evento desta segunda, o ex-primeiro-ministro francês Laurent Fabius também disse confiar no sucesso do evento, não apenas na organização, mas em resultados concretos. “Sabemos que nossos amigos brasileiros, dos quais na primeira fileira os presidentes Lula e Do Lago, estão determinados a que dê certo”, afirmou, em referência ao diplomata brasileiro André Corrêa do Lago, presidente da COP30.
Em 2015, Fabius, 78, presidiu a COP21, que produziu o Acordo de Paris. Este ano, ele foi indicado para dirigir um “círculo de presidentes das COPs”, que reúne representantes das edições passadas da conferência para debater ações em favor do planeta.
Eduardo Paes será o anfitrião, no início de novembro, dias antes da COP30, de uma reunião de governos municipais e regionais do mundo inteiro. É uma iniciativa do C40, grupo que reúne uma centena de cidades, comandado atualmente pelo prefeito de Londres, Sadiq Khan, e pelo empresário Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York.
O prefeito carioca foi o convidado de honra da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, de quem é amigo de longa data. Ele observou que ambos estão entre os raros governantes que também estavam no cargo quando da negociação do Acordo de Paris, em 2015. “É um combate que estamos há muito tempo travando, ambos prefeitos longevos. Igual àquele filme que ganhou o Oscar: ainda estou aqui”, brincou.
Tanto Paes quanto Khan gracejaram com Hidalgo. “Paris é a segunda maior cidade do mundo”, disse o prefeito de Londres em seu discurso. “Não, é a terceira”, emendou o carioca ao chegar sua vez.
Paes seguiria à noite para Londres, onde participa na terça (24) e na quarta (25) de outros eventos relacionados ao clima e ao desenvolvimento sustentável. Ele retorna ao Rio na quinta-feira (26).
ANDRÉ FONTENELLE
