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Em áudio, aliados de Jair Bolsonaro tramam usar 1,5 mil militares em golpe

Em áudio, aliados de Jair Bolsonaro tramam usar 1,5 mil militares em golpe Em áudio, aliados de Jair Bolsonaro tramam usar 1,5 mil militares em golpe Em áudio, aliados de Jair Bolsonaro tramam usar 1,5 mil militares em golpe Em áudio, aliados de Jair Bolsonaro tramam usar 1,5 mil militares em golpe
Élcio Franco e Ailton Barros trocam mensagens sobre golpe de Estado FOTOS: EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO E REPRODUÇÃO
Élcio Franco e Ailton Barros trocam mensagens sobre golpe de Estado FOTOS: EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO E REPRODUÇÃO

AGÊNCIA GLOBO

Em novas mensagens de áudio obtidas pela Polícia Federal, o ex-major e amigo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Ailton Barros, conversa com o ex-número 2 do Ministério da Saúde e também militar, coronel Antonio Elcio Franco Filho, discutindo formas de promover um golpe de Estado no Brasil, após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os áudios foram revelados nesta segunda-feira pela CNN Brasil.

As mensagens constam no inquérito da PF que investiga um esquema para fraudar registros de vacinação contra a Covid-19 no Ministério da Saúde. Outros áudios com teor golpista de Ailton, chamado por Bolsonaro de “segundo irmão”, já haviam sido revelados na semana passada. O militar o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens e braço-direito do ex-presidente, foram presos pela suspeita de envolvimento no esquema de fraudes.

Ailton Barros foi procurado em novembro de 2021 por Mauro Cid para intermediar a obtenção de documentos fraudulentos de imunização para Covid-19. No mesmo mês, ele enviou mensagens a Cid estimulando um golpe militar contra a posse do presidente Lula. “Tem que continuar pressionando o (comandante do Exército) Freire Gomes para que ele faça o que tem que fazer”, disse Barros.

Nas novas mensagens, Ailton e Elcio Franco conversam em meados de dezembro de 2022 sobre mobilizar 1,5 mil homens para participar da tentativa de golpe e criticam a resistência do comando do Exército em aderir ao plano. Em uma das conversas eles falam sobre a relutância do então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, de aderir ao plano golpista.

“O Freire não vai. Você não vai esperar dele que ele tome à frente nesse assunto, mas ele não pode impedir de receber a ordem. Ele vai dizer, morrer de pé junto, porque ele tá mostrando. Ele tá com medo das consequências, pô. Medo das consequências é o quê? Ele ter insuflado? Qual foi a sua assessoria? Ele tá indo pra pior hipótese. E qual, qual é a pior hipótese?”, afirma Franco.

Em outro trecho revelado pela PF, Ailton diz ao ex-integrante do governo Bolsonaro: “(É preciso convencer) o general Pimentel. Esse alto comando de mer* que não quer fazer as p*, é preciso convencer o comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia a prender o Alexandre de Moraes. Vamos organizar, desenvolver, instruir e equipar 1.500 homens”.

Além de trabalhar no Ministério da Saúde na gestão do general e atual deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), Elcio Franco foi assessor ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto – candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022. O coronel e Braga Netto ainda não se manifestaram a respeito do conteúdo dos áudios.

Elcio Franco também foi um dos investigados na CPI da Covid, sob a suposta prática de corrupção na aquisição de vacinas durante a pandemia. No relatório final, a comissão pediu o indiciamento do coronel pelos crimes de epidemia com resultado morte e improbidade administrativa.

Um dos autores do pedido de indiciamento de Elcio Franco na CPI da Covid, o senador e líder do governo Lula no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que o teor dos áudios revelados reforça a necessidade da CPMI dos Ataques Golpistas convocar e investigar Elcio Franco.

“É incrível como temos personagens do entorno do ex-presidente da República que se envolveram na tentativa golpista. Será um dos elementos de investigação da CPMI do 8 de janeiro, que cada vez mais se transforma na CPMI da arquitetura golpista”, destacou Rodrigues.

Também ontem, o Ministério Público requereu ao Tribunal de Contas da União (TCU) a suspensão do pagamento da pensão mensal do Exército no valor de de R$ 22 mil à “viúva” do ex-major Ailton Barros. Na representação, o subprocurador-geral Lucas Furtado pede que seja apurado se a pensão por “morte ficta” paga à mulher do ex-militar após a exclusão de seu marido da corporação ainda é vigente no ordenamento jurídico atual.