
Em artigo publicado em seu blog, a jornalista Ana Flor, comentarista política da Globonews, mostra que o efeito bumerangue provocado por Eduardo Bolsonaro não só ameaça o futuro político dele, como também coloca em risco a tentativa de Jair Bolsonaro de reconstruir sua força no cenário nacional. A jornalista revela como as recentes ações do deputado, que está fora do Brasil desde março deste ano – atuando nos bastidores nos Estados Unidos, em ações contra a soberanioa do Brasil.
Eduardo – que agora está na mira da Procuradoria Geral da República (PGR) incentivou sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pressionando o Congresso com ameaças para que fosse aprovada uma anistia ampla aos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro — medida que beneficiaria diretamente Jair Bolsonaro.
Entre os principais lances no estilo bumerangue estão as sanções tarifárias impostas pelos Estados Unidos, que atingiram de forma direta o agronegócio nacional, que foi um dos principais financiadores das campanhas da família Bolsonaro.
Na segunda, 22, Procuradoria-Geral da República apresentou denúncia por coação ao Judiciário contra Eduardo Bolsonaro. Poucas horas depois, ele sofreu outro baque: o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), indeferiu sua indicação para líder da minoria, em uma clara sinalização de perda de força política.
Essa decisão veio em meio à repercussão das novas sanções impostas pelos EUA, que incluíram a esposa do ministro Alexandre de Moraes na lista da Lei Magnitsky — instrumento usado para punir violações graves de direitos humanos e corrupção. Além disso, houve revogação de vistos de autoridades brasileiras, incluindo o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, e servidores ligados ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), responsáveis pelo processo que tornou Jair Bolsonaro inelegível.
Crise no Bolsonarismo
As medidas, consideradas “agressivas”, irritaram não só o STF, mas também parlamentares que tentavam negociar uma saída política. A proposta de Eduardo Bolsonaro, que pretendia transformar a anistia em um projeto para reduzir penas dos condenados por envolvimento nos atos golpistas, estagnou na Câmara dos Deputados.
Segundo a jornalista, o ex-presidente Michel Temer, que vinha atuando como mediador entre Câmara, Senado e STF, admitiu em entrevista à GloboNews que a situação mudou drasticamente e que será necessário “repensar” qualquer acordo diante do novo cenário.
No texto, Ana Flor lembra que os advogados de Jair Bolsonaro tentavam manter uma estratégia jurídica independente, buscando medidas cautelares mais brandas ou até mesmo redução de penas. Porém, a postura radical de Eduardo acabou comprometendo essa linha de defesa, ao associar ainda mais o ex-presidente a ataques ao STF e à Justiça Eleitoral.
O texto ressalta ainda que, embora Jair Bolsonaro ainda detenha capital eleitoral relevante, líderes de centro-direita estão se afastando gradativamente e articulando projetos próprios para as eleições de 2026.
Com a crise, fica evidente que o bolsonarismo enfrenta uma disputa interna delicada, em que os movimentos de Eduardo Bolsonaro fragilizam a própria base política do pai.