Hytalo José Santos Silva, de 27 anos, natural de Cajazeiras (PB), ganhou fama nacional ao se tornar influenciador digital. A mudança do “I” para o “Y” no nome marcou a transição do ex-dançarino para o mundo da ostentação: no casamento, presenteou convidados com iPhones 15 Pró Max, chamando atenção para seu estilo de vida exagerado e misterioso.
Ele e o marido, Israel Natan Vicente, o “Euro”, organizaram um programa chamado “Turma do Hytalo”, que incluía várias crianças e adolescentes vivendo com o casal sem contrato ou supervisão formal. A Justiça foi alertada diversas vezes sobre exploração de menores, mas a denúncia só avançou após investigação da Felca, apontando crimes que podem envolver tráfico de pessoas, exploração sexual de adolescentes e lavagem de dinheiro.
Hytalo e Euro foram presos em Carapicuíba (SP) nesta sexta-feira, mas não é a primeira vez que enfrentam a Justiça. Em 2020, durante a pandemia, ele foi detido em Cajazeiras por promover festa com aglomeração e menores consumindo álcool. A internet, antes aliada, cancelou o influenciador, que perdeu seguidores e contratos, se reconstruindo financeiramente com jogos, apostas e publicidade.
Segundo relatos, Hytalo e Euro recebiam cerca de R$ 1 milhão por publiposts envolvendo os menores da “Turma do Hytalo”. Euro cuidava diretamente dos contratos, enquanto Hytalo se destacava pelo consumo e ostentação: roupas de grife, carros e festas luxuosas. Conflitos entre o casal e episódios de violência doméstica também circulavam nas redes sociais.
A trajetória de Hytalo começou em uma infância marcada por rejeição e exclusão. Morador de casa humilde, ex-dançarino e vítima de anorexia, ele encontrou fama e influência ao lado de Kamylinha, uma jovem que começou a dançar com ele aos 12 anos e se tornou a principal figura do conteúdo do influenciador. A adolescente recebia valores mensais e morava em uma casa comprada por Hytalo, mas cujo registro permanecia em nome da incorporadora.
Além das polêmicas, Hytalo participou de eventos públicos, como o carnaval de Cajazeiras, onde recebeu das mãos do prefeito as “chaves da cidade” ao lado de Kamylinha, e patrocinava festas com crianças que participavam de gravações até altas horas. A investigação atual tenta esclarecer a extensão da exploração e da publicidade envolvendo menores, enquanto a prisão marca mais um capítulo da trajetória controversa do influenciador.