MATHEUS TEIXEIRA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirmou nesta quarta-feira (17) que perdeu o mandato por combater a corrupção.
“A verdade é uma só, perdi meu mandato porque combati a corrupção. Hoje é dia de festa para os corruptos e dia de festa para Lula”, disse o ex-coordenador da Operação Lava Jato.
“Fui cassado por vingança. Fui cassado porque ousei o que é mais difícil no Brasil: enfrentar o sistema de corrupção”, afirmou, em pronunciamento ao lado de parlamentares, incluindo o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Deltan teve o registro de candidatura indeferido e, consequentemente, o mandato cassado em julgamento do TSE ocorrido na noite desta terça-feira (16).
Por unanimidade, os ministros da corte eleitoral entenderam que o ex-coordenador da Lava Jato deveria ter sido enquadrado na Lei da Ficha Limpa por deixar a carreira de procurador da República enquanto estava envolvido em sindicâncias junto ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público).
Além de Eduardo Bolsonaro, Bia Kicis (PL-DF) e Lucas Redecker (PSDB-RS) acompanharam a entrevista em solidariedade ao colega.
Alguns deles seguram placas escritas “perseguição política”, “vivemos numa ditadura” e “unidos com Deltan”.
Deltan creditou a decisão do TSE por sua atuação à frente da Lava Jato, e disse que o tribunal “inventou uma inelegibilidade imaginária” para retirar seu mandato.
“Hoje, o sistema de corrupção, os corruptos e os seus amigos estão em festa. Gilmar Mendes está em festa, Aécio Neves está em festa, Eduardo Cunha está em festa, Beto Richa está em festa”, declarou.
Ele classificou a decisão como “esdrúxula” e fez críticas ao ministro Benedito Gonçalves, relator do processo, e aos demais integrantes do tribunal.
Deltan afirmou que a lei determina que apenas integrantes do MPF que tenham deixado o cargo com PAD (processo administrativo disciplinar) pendente devem ser enquadrados na Lei da Ficha Limpa, o que não é seu caso. “A lei é clara e objetiva. Existia algum PAD? Não, nenhum, zero. É como punir alguém por crime futuro ou pior, punir por condenação que não existe”, disse.
Segundo ele, a corte eleitoral “fraudou a lei e a Constituição”.
O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná confirmou que a vaga de Deltan será ocupada por Itamar Paim, um pastor de Paranaguá, que teve 47 mil votos.
O Podemos defendia que Luiz Carlos Hauly substituísse Deltan, mas o PL argumentou que ele não havia atingido o quociente eleitoral mínimo e reivindicou a vaga. O pleito foi confirmado pela Justiça eleitoral do estado. Com isso, PL chegará a 100 deputados.