COMPLICAÇÕES

Defensora pública paraense morre após complicações com colocação de DIU

O procedimento foi realizado no dia 18 de março pela médica Mayra Suzanne Garcia Valladão. Entenda o caso!

Reprodução: Redes Sociais
Reprodução: Redes Sociais

A morte da defensora pública Geana Aline de Souza, de 39 anos, ocorrida na noite de terça-feira (25/03), chocou Roraima e reacendeu o debate sobre os riscos de procedimentos ginecológicos considerados rotineiros. A servidora faleceu em decorrência de uma infecção generalizada que se desenvolveu após uma tentativa frustrada de inserção de Dispositivo Intrauterino (DIU).

Geana era natural de Belém, capital do Pará. Ela deixa o marido, o empresário Cláudio Rodrigues, de 40 anos, com quem estava casada há 8 anos. Embora não tenha filhos biológicos, ela cuidava com carinho dos dois enteados, filhos de Cláudio.

Detalhes do caso

O procedimento foi realizado no dia 18 de março pela médica Mayra Suzanne Garcia Valladão. Segundo relatos da família, o DIU sequer chegou a ser inserido corretamente. Horas depois, Geana começou a sentir dores intensas e febre alta – os primeiros sinais de que algo havia dado errado.

Nos dias seguintes, seu estado de saúde se deteriorou rapidamente. Na tarde de terça-feira (25/03), ela foi levada em estado gravíssimo ao Hospital Ville Roy, em Boa Vista, apresentando um quadro de choque séptico – uma resposta extrema do organismo a uma infecção, que leva à falência múltipla de órgãos. Os médicos constataram insuficiência renal, hepática e circulatória, além de uma dor abdominal insuportável.

Apesar dos esforços da equipe médica, que realizou uma cirurgia de emergência e a transferiu para a UTI, Geana não resistiu. Ela faleceu às 22h50, deixando marido, dois filhos e uma carreira marcante na Defensoria Pública de Roraima.

Investigação: MP e CRM apuram possível negligência

O Ministério Público de Roraima (MPRR) abriu um inquérito para investigar se houve imperícia médica ou falhas no atendimento hospitalar. Paralelamente, o Conselho Regional de Medicina (CRM-RR) iniciou uma sindicância para analisar a conduta da médica responsável pelo procedimento.

Um dado que chamou atenção foi a constatação de que a Dra. Mayra Suzanne não possui especialização registrada em ginecologia ou qualquer outra área relacionada ao procedimento. Em resposta, a médica se manifestou nas redes sociais, afirmando que a morte “não tem relação com os atendimentos prestados” e que seguiu todos os protocolos necessários.

Repercussão e comoção

Geana Aline não era apenas uma defensora pública – era uma líder. Desde 2017, ela atuava na Vara de Execuções Penais e presidia a Associação das Defensoras e Defensores Públicos de Roraima (ADPER). Sua morte provocou comoção no estado: a Defensoria Pública decretou luto oficial e suspendeu as atividades por um dia.

Seu velório foi realizado na sede da DPE-RR, e o enterro aconteceu no Cemitério Municipal Nossa Senhora da Conceição, em Boa Vista, acompanhado por colegas, familiares e amigos.

Alerta sobre riscos de procedimentos ginecológicos

Embora a inserção de DIU seja considerada um procedimento seguro, com menos de 1% de risco de infecção grave quando realizado corretamente, o caso de Geana expõe falhas que podem ocorrer em consultórios médicos. Especialistas ouvidos pela reportagem destacam que:

  • O procedimento deve ser feito apenas por ginecologistas ou médicos com treinamento específico;
  • Esterilização adequada do ambiente e dos instrumentos é essencial;
  • Pacientes devem ser orientadas sobre sinais de infecção pós-procedimento.

Próximos passos

Enquanto a família aguarda respostas, o MPRR e o CRM-RR devem concluir as investigações em até 60 dias. Se comprovada negligência, a médica pode responder civil e criminalmente, além de ter seu registro cassado.