
A trajetória de “Diaba Loira” chama atenção pelo contraste entre sua formação acadêmica e sua atuação no crime organizado. Autoridades afirmam que ela usa conhecimento jurídico para se proteger e articular ações do grupo.
As últimas publicações de Eweline Passos Rodrigues, a gaúcha conhecida como “Diaba Loira”, em seu perfil no Facebook datam de junho de 2022. Seu perfil era um reflexo de sua vida multifacetada: mesclava posts pessoais com anúncios de produtos como perfumes, maquiagens e trufas de chocolate, que ela vendia para custear seus estudos em Direito em uma universidade de Santa Catarina.
Em uma foto compartilhada no perfil, Eweline aparecia em uma cadeira de rodas, consequência de um acidente. A imagem gerou mensagens de apoio de amigos e familiares, como a de uma moça que escreveu: “Estamos torcendo por você”. Na época, ela chegou a criar uma vaquinha online para arcar com os custos de fisioterapia.
A tentativa de feminicídio que mudou tudo
Entre junho e setembro de 2022, seu perfil ficou em silêncio — um hiato que coincide com a tentativa de feminicídio que sofreu em 25 de agosto daquele ano. O agressor era seu ex-companheiro e pai de seus dois filhos, hoje com 4 e 7 anos. Eweline sobreviveu a uma facada no pulmão, mas o episódio marcou o início de uma reviravolta trágica em sua vida.
Dos doces ao tráfico
Antes do crime, Eweline mantinha um pequeno empreendimento de trufas artesanais, com sabores como maracujá, brigadeiro com morango e creme de avelã e cones trufados.
Após a tentativa de feminicídio, Eweline se mudou para o Rio de Janeiro e se envolveu com facções criminosas. Inicialmente ligada ao Comando Vermelho, ela depois migrou para o Terceiro Comando Puro (TCP), onde assumiu um papel ativo no tráfico. Sua morte, ocorrida em Cascadura na última quinta-feira, está sendo investigada como possível retaliação por sua troca de facção.