
Antes da prisão em operação da Polícia Federal nesta terça-feira, 14, o influencador Buzeira construiu um verdadeiro império digital. Com mais de 15 milhões de seguidores no Instagram, ele exibia uma rotina marcada por joias caras, carros esportivos, helicópteros e festas exclusivas. Também promovia sorteios milionários de relógios de luxo e veículos importados — práticas que o tornaram famoso durante a pandemia de Covid-19.
O influenciador circulava entre celebridades, funkeiros e atletas. Participou do “Cruzeiro do Neymar”, evento luxuoso em alto-mar que reúne famosos, e presenteou o jogador com um colar de ouro avaliado em R$ 2 milhões. Ele também era amigo próximo do rapper Oruam, preso este ano no Rio de Janeiro, e chegou a fazer campanhas públicas pedindo a libertação do artista.
Um dos momentos mais simbólicos de sua ostentação foi o casamento realizado em julho de 2025, avaliado em R$ 10 milhões. O evento contou com a presença de nomes como MC Daniel e Fiuk, além de shows privados e uma decoração suntuosa. Em postagens, Buzeira dizia que “cada detalhe foi pensado para ser inesquecível”.
A operação
A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (14/10), a Operação Narco Bet, com o objetivo de desarticular um esquema de lavagem de dinheiro vinculado ao tráfico internacional de drogas. A operação conta, ainda, com a cooperação da Polícia Criminal Federal da Alemanha (Bundeskriminalamt – BKA), responsável pela execução de medida cautelar de prisão em face de um dos investigados atualmente localizado em território alemão.
A ação é desdobramento da Operação Narco Vela, que teve como foco a repressão ao tráfico de entorpecentes por via marítima a partir do litoral brasileiro.
As investigações indicam que o grupo criminoso utilizava técnicas sofisticadas de lavagem de dinheiro, com movimentações financeiras em criptomoedas e remessas internacionais, voltadas à ocultação da origem ilícita dos valores e à dissimulação patrimonial.
Apura-se, ainda, que parte dos valores movimentados teria sido direcionada para estruturas empresariais vinculadas ao setor de apostas eletrônicas, as chamadas BETS.
Estão sendo cumpridas 11 ordens de prisão e 19 mandados de busca e apreensão em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
As medidas judiciais incluem ainda o bloqueio de bens e valores que somam mais de R$ 630 milhões, visando à descapitalização da organização criminosa e à reparação de danos decorrentes das atividades ilícitas.