MARIANNA HOLANDA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, ganhou mais uma sobrevida no governo do presidente Lula (PT), após ter até mesmo marcado evento de despedida na pasta e aliados esperarem entrega de carta de demissão.
Apesar disso, a titular da pasta já colocou o seu cargo à disposição e tem conhecimento de que a saída é certa, de acordo com o ministro Paulo Pimenta (Secom).
Ela ficará, ao menos, até a próxima semana, quando o Congresso concluir as votações econômicas, disse Pimenta.
“A gente vai concluir esse debate nas questões do Congresso nesta semana e vamos retomar essa discussão sobre a composição [do governo] e eventuais mudanças que possam ocorrer no governo a partir da semana que vem. Portanto, a ministra permanece a disposição do governo desempenhando sua função”, disse ele a jornalistas no Palácio do Planalto.
A Câmara dos Deputados decidiu fazer esforço concentrado nesta semana para votar três pautas de interesse do governo: arcabouço fiscal, Carf e reforma tributária. Mas, diante de impasses em torno dos textos, em especial da tributária, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu priorizar a reforma e deixar as demais para depois do recesso parlamentar.
Questionado sobre qual votação o governo está esperando ocorrer para oficializar a saída de Daniela Carneiro do Turismo, Pimenta disse: “Espera o recesso chegar”.
Contudo, questionado se a mudança ficaria para depois do recesso parlamentar, para agosto, disse que as conversas serão retomadas na próxima semana.
“O governo vai retomar os diálogos com as lideranças, interlocutores dos diferentes grupos e partidos no decorrer da semana que vem”, afirmou.
Além disso, o Planalto também aguarda uma reunião com lideranças do União Brasil, partido da ministra, antes de oficializar a troca. O encontro pode ocorrer, segundo auxiliares palacianos, no Palácio do Planalto, sexta-feira (6).
Devem participar da reunião o senador Davi Alcolumbre (AP) e os deputados Elmar Nascimento (BA), Luciano Bivar (PE) e Celso Sabino (PA). Este último já é o nome indicado pelo partido para assumir o cargo de Daniela.
A ministra tenta no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deixar o partido. Por ser deputada, ela precisa de autorização da Justiça para não perder o mandato. Assim, a União Brasil passou a demandar o ministério de volta para o governo.
O marido de Daniela, prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho, já concluiu a migração para o Republicanos.
No final da tarde de quinta-feira, a ministra publicou nas redes sociais foto com Lula e disse que continua no cargo.
“Sigo ao lado do presidente Lula trabalhando por um Brasil mais digno e justo para todos os brasileiros”, afirmou Daniela.
Integrantes do Palácio do Planalto esperavam que a ministra entregasse sua carta de demissão do cargo em encontro com o presidente.
Apesar disso, na noite desta quarta (5), aliados do governo passaram a dizer que a troca no Turismo poderia demorar mais alguns dias para ser concretizada porque os parlamentares da União Brasil aumentaram a exigência para ocupar a pasta.
“Não tem carta [de demissão], mas a ministra já colocou o cargo à disposição. Na realidade, é só o anúncio de quem ficará no lugar dela que ocorrerá depois que as conversas forem concluídas. Ela já comunicou o presidente e ela já tem conhecimento que será indicado um outro nome para ocupar a função que hoje ela tem”, disse Pimenta.
Daniela também chegou a convidar servidores do Turismo para uma reunião às 17h, mas, após ganhar a sobrevida no Planalto, cancelou o encontro, em que deveria fazer um balanço de despedida da pasta.
Em troca pela saída do cargo, Daniela deverá ser nomeada vice-líder do governo no Congresso ou na Câmara dos Deputados.
Além disso, Lula deverá ir ao Rio de Janeiro inaugurar a obra de um instituto federal de ciência e educação ao lado do marido de Daniela e aliado do petista no Rio de Janeiro.