Reconhecimento profissional, clima leve no ambiente de trabalho e boas relações com a chefia são metas comuns no mercado corporativo. Mas o caminho para chegar lá nem sempre é claro — ou justo. Cansada de ver colegas competentes sendo ignorados ou preteridos por falta de “jogo de cintura”, a gaúcha Luciana Azevedo resolveu transformar sua frustração em um negócio inusitado: criou um curso online para formar “puxa-sacos profissionais”.
Com o nome direto e sem rodeios de “Puxa-Saco Sem Frescura”, o curso promete ensinar estratégias para agradar chefes com inteligência emocional, sem perder a autenticidade — ou a dignidade.
Luciana tem formação em Recursos Humanos e trabalhou anos em grandes empresas, onde, segundo ela, viu de tudo. “Você observa pessoas técnicas e comprometidas sendo ofuscadas por outras com mais jogo político, que sabem se posicionar e vender o próprio peixe. Isso me incomodava”, conta.
O ponto de virada veio durante a pandemia, quando ela deixou o trabalho formal e passou a oferecer treinamentos. Foi aí que percebeu um nicho pouco explorado: ensinar o “como agradar”, mas com ética e estratégia.
“Ser puxa-saco não é falar o tempo todo que o chefe é maravilhoso. É saber reconhecer o que ele valoriza, entender a linguagem dele, entregar o que ele espera, e se fazer presente de forma positiva. Isso é habilidade social, não submissão”, explica.
Estratégia com propósito
O curso não ensina bajulação vazia. Os módulos tratam de comportamento, comunicação no ambiente corporativo e leitura de cenário. Os participantes aprendem, por exemplo, como se portar em reuniões, como demonstrar apoio às decisões da liderança e até como lidar com a vaidade ou inseguranças de superiores.
Luciana também defende que o famoso “puxassaquismo” pode ser uma forma de autoproteção no mercado de trabalho, desde que usado com bom senso. “Quem sabe agradar chefes de forma estratégica tem mais chance de crescer e também sofre menos pressão. O curso é sobre sobrevivência e projeção profissional”, resume.
Apesar do nome provocador, o “Puxa-Saco Sem Frescura” ganhou adeptos em diferentes áreas — de advogados a servidores públicos. E o conteúdo, garante a criadora, pode ser aplicado em qualquer contexto onde exista uma hierarquia.
Reações
O curso tem gerado curiosidade — e algumas críticas. Nas redes sociais, há quem diga que ensinar a puxar o saco é reforçar uma cultura tóxica. Luciana rebate com bom humor: “O nome é marketing. O que eu ensino é como se comunicar bem com líderes, respeitando seus estilos, e se posicionar com inteligência. Isso, no fim das contas, ajuda a ter paz no trabalho.”
Ela também afirma que o curso não promete milagres, mas oferece ferramentas. “A realidade é dura. Nem sempre o melhor profissional é o mais valorizado. Mas quem entende como o jogo funciona sai na frente.”
Mais informações sobre o curso estão disponíveis no Instagram @puxasacosemfrescura.