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Condenado por tentar explodir bomba pode fechar delação

O blogueiro Wellington Macedo de Souza optou por não responder a perguntas de deputados e senadores na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). 
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
O blogueiro Wellington Macedo de Souza optou por não responder a perguntas de deputados e senadores na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O blogueiro Wellington Macedo de Souza optou por não responder a perguntas de deputados e senadores na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, mas acenou com a possibilidade de fazer um acordo de delação premiada.

Ele foi condenado por participar da tentativa de explosão de uma bomba perto do aeroporto de Brasília, em dezembro do ano passado, e está preso. No governo Bolsonaro, foi assessor da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.

No início da reunião da CPI, Souza avisou que ficaria em silêncio, amparado por um habeas corpus obtido junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu só vou colaborar com vocês depois que meus advogados tiverem acesso aos autos de acusação contra a minha pessoa e eu tiver tempo suficiente para conversar e articular com meu advogado.”

A possibilidade de delação foi apontada pela relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), ao final da reunião. “Nós solicitamos à Advocacia-Geral do Senado sobre a delação premiada. Nós estamos chegando à reta final dos trabalhos desta comissão. O senhor não tem interesse de colaborar com os trabalhos desta comissão? De contribuir, de trazer as informações a esta comissão?”, questionou.

Foi o advogado do blogueiro, Sildilon Maia, que respondeu. “Eu fiz um requerimento de acesso às peças que faltavam no Supremo, o ministro Alexandre [de Moraes] ainda não despachou. Eu acredito que, no mais tardar na segunda-feira, eu já terei acesso a esses elementos e me coloco à disposição da senhora para, junto à advocacia do Senado, a gente ter esse diálogo, eu ter acesso ao parecer que trata desse tema internamente. Não temos nenhuma restrição a isso.”

Histórico
Eliziane Gama ressaltou que o blogueiro é conhecido por divulgar denúncias sem provas na internet, que já resultaram em dezenas de ações ajuizadas contra ele no Ceará.

Ela afirmou que os atos de 8 de janeiro vieram a partir de uma “ação embrionária”, que teria começado em 7 de setembro de 2021. Também destacou diversos pedidos de Pix feitos pelo acusado e o fato de, mesmo desempregado, ele ter adquirido automóveis no valor de mais de R$ 300 mil. Gama disse, ainda, que “graças a Deus foram incompetentes na fabricação da bomba”, enquanto mostrava uma imagem com o raio de alcance dos efeitos caso o artefato tivesse explodido.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também afirmou que a invasão dos prédios dos três Poderes neste ano não foi um ato isolado. “Houve uma construção golpista durante anos, particularmente de 2021 em diante. É importante a gente dizer isso porque o senhor Wellington Macedo tem características dos seguidores de Bolsonaro: participa da milícia digital, inclusive expressando não apenas divergência política, mas preconceito grave contra o presidente Lula, estimula o ódio nos seus vídeos, a violência, o golpe.”

Por outro lado, o deputado Pr. Marco Feliciano (PL-SP) disse que Wellington Macedo de Souza nem deveria estar depondo. Segundo ele, o depoente está preso por criticar o STF. “E no nosso País você pode criticar qualquer um: critica-se pastor, critica-se presidente da República, pode se criticar o presidente aqui da CPMI, pode se criticar qualquer deputado ou senador. Mas não se pode criticar nenhum membro da Suprema Corte do nosso País, porque, infelizmente, eles são como se fossem uma casta superior, extremamente maior, exatamente porque há, no nosso País, um desequilíbrio dos Poderes”, avaliou.

Mas o blogueiro recebeu críticas também de parlamentares da oposição. O senador Cleitinho (Republicanos-MG) chamou o depoente de “covarde que usava a direita” e disse que um cristão não tentaria matar pessoas na véspera de Natal.

Fonte: Agência Câmara de Notícias