O ministro Paulo Pimenta (Secom), cujo cargo está sob risco após críticas públicas de Lula (PT), fez uma live no Instagram na manhã desta terça-feira (10) para comentar o estado de saúde do presidente.
Lula, 79, fez uma cirurgia de emergência na véspera, após detectar uma hemorragia cerebral. O hematoma é consequência da queda sofrida pelo chefe do Executivo em outubro. Ele segue internado na UTI em São Paulo.
“O presidente ontem [segunda] estava um pouco indisposto durante o dia, no final da tarde estava com dor de cabeça e em contato com os médicos decidiu então realizar uma bateria de exames no final da tarde no hospital Sírio-Libanês em Brasília. Realizados os exames, foi constatada necessidade de procedimento cirúrgico, e os médicos optaram em realizá-lo em São Paulo”, disse Pimenta.
“O procedimento ocorreu de forma absolutamente normal, dentro do planejado. O presidente encontra-se internado, vai permanecer internado por mais alguns dias, mas está absolutamente estável, sob controle”.
Pimenta não precisou, contudo, por quanto tempo Lula deve ficar internado.
“Qualquer novidade informação nova eu vou trazer aqui para vocês. Às 9h teremos entrevista coletiva dos médicos com mais detalhes do procedimento e sobre também a evolução da recuperação do presidente. Essa notícia que eu queria trazer para vocês”, disse o ministro.
O boletim médico que informou da cirurgia de Lula foi divulgado no perfil do presidente, às 5h10. A Secom, pouco depois, disponibilizou-o internamente para jornalistas que atuam na cobertura de Planalto.
Os exames do presidente na véspera, tanto a sua viagem para São Paulo, não foram informadas de antemão, apenas na madrugada com o boletim. Inclusive, às 21h, o Planalto chegou a divulgar uma agenda do presidente, em Brasília, que nesta manhã foi cancelada.
O chefe da comunicação do governo, na semana passada, foi criticado publicamente por Lula e ontem, em entrevista à Folha de S.Paulo, disse ver com naturalidade a possibilidade de ser substituído, uma vez que exerce uma função de confiança.
“Se, em um determinado momento, ele achar que é preciso que tenha uma mudança mais aguda que eventualmente passe pela minha substituição, eu vejo isso com absoluta naturalidade. O presidente sabe que vai poder contar comigo sempre. Independente de ter um cargo uma função do ministério ou qualquer outra tarefa que ele possa me designar”, afirmou o ministro, após uma conversa com Lula.
Usando a comparação com a escalação de um time de futebol, sendo Lula o técnico, Pimenta admitiu a hipótese de ficar no banco de reservas.
“Tenho consciência e vejo isso de forma muito muito tranquila. O presidente escala a posição em que cada um vai jogar e, se precisar deixar algum no banco por um tempo, a gente fica no banco. A gente faz parte do mesmo projeto. O poder de decisão é de quem vai ser mais cobrado. Quem responde por tudo isso é ele.”
Questionado se sentiu atingido ou incomodado por ter sido publicamente criticado, Pimenta disse que não tem esses melindres.
“O presidente é uma pessoa que é muito autêntica, faz questão de que as pessoas saibam aquilo que ele pensa e se sente muito à vontade para fazer essas falas no ambiente de companheiros e companheiras que é o PT. Então, eu não me sinto de maneira alguma atingindo ou exposto. Não tem esse tipo de melindre na relação com ele e nem ele tem comigo”, afirmou.
Na sexta-feira (6), Lula disse que “há um erro do governo na questão da comunicação” e que será obrigado a “fazer as correções necessárias”.
Sobre a hipótese de ser substituído pelo publicitário Sidônio Palmeira, Pimenta defendeu que ele esteja próximo do governo, como tem dito o presidente. Segundo aliados, Lula tem apontado, em conversas, a necessidade de ter Sidônio por perto.