
A ida do deputado federal Zucco (PL-RS) na quinta-feira (14) à casa de Jair Bolsonaro (PL), onde o ex-presidente cumpre prisão domiciliar, gerou mal-estar com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e um pedido de desculpas da parte do líder da oposição na Câmara.
Antes da visita, previamente autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, Zucco fez um vídeo em que anunciou estar levando carnes para fazer um churrasco para o ex-presidente.
À noite, Michelle publicou nas redes uma mensagem negando que tivesse havido um churrasco, dizendo que o episódio não contou com a sua anuência. “Solicito a colaboração dos próximos visitantes autorizados para que compreendam e respeitem a sensibilidade do momento, abstendo-se de atitudes que possam deturpar a finalidade da visita ou prejudicar a imagem do presidente Bolsonaro”, disse.
O churrasco acabou não acontecendo. O deputado chegou por volta das 13h na casa do ex-presidente, que já tinha almoçado. Então, ele deixou as carnes e o carvão para que a família pudesse assá-las quando entender melhor, segundo contou à Folha.
Gaúcho, Zucco trata o churrasco como uma questão cultural, e compara como se fosse um mineiro levando pão de queijo. Mas admite o que classificou o erro de não ter conversado antes com Michelle, a quem escreveu para pedir desculpas.
“Quando falei era no sentido de fazer um agrado a um amigo. Cheguei lá, ele já tinha almoçado, deixei a carne e o carvão”, disse o deputado, que também é líder da oposição na Câmara.
“Já conversei com a primeira-dama, essa não era a minha intenção. Ela repetiu o que disse na nota que divulgou, da preocupação de não passar ideia errada para fora. Eu devia antes ter falado com quem manda na casa”, completou, em referência a Michelle.
O encontro durou cerca de uma hora, sem intercorrências, segundo o deputado. Ele também afirma que Bolsonaro não estava com quadro ruim de saúde.
O ministro Alexandre de Moraes autorizou 14 pessoas, até esta sexta (15), a visitar o ex-presidente na prisão domiciliar. As datas e os horários são determinados previamente pela corte.
Nesta semana, contudo, Moraes mudou o formato do pedido das visitas. Cabe agora à equipe de advogados indicar quem Bolsonaro gostaria que fosse visitá-lo e solicitar a autorização ao magistrado.
A defesa organiza uma nova lista e deve dar prioridade a lideranças políticas, como os líderes do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e no Senado, Rogério Marinho (RN).
Outro nome considerado importante era o do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que nesta sexta recebeu o aval do ministro para visitar Bolsonaro no próximo dia 28.
Auxiliares do ex-presidente dizem que uma possibilidade em estudo é intercalar os pedidos com as autorizações já feitas. Outra é indicar ao magistrado quais nomes gostariam que tivesse prioridade.
O presidente da Primeira Turma do STF, ministro Cristiano Zanin, marcou nesta sexta para o dia 2 de setembro o início do julgamento do núcleo central da trama golpista. O ex-presidente e outros sete são réus sob a acusação de crimes contra a democracia.
A expectativa é que o julgamento dure duas semanas, com cinco dias para a análise do caso. Foram marcadas sessões para 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro.
As datas foram definidas nesta sexta-feira (15) após o ministro-relator Alexandre de Moraes comunicar a Zanin que está pronto para levar o processo da trama golpista a julgamento.
MARIANNA HOLANDA