Folhapress
Tony Bennett, um dos maiores cantores e representantes do jazz, morreu nesta sexta-feira (21) em Nova York. Ele tinha 96 anos. A informação foi dada por Sylvia Weiner, sua assessora. Em fevereiro de 2021, a mulher de Bennett, Susan Bennett, disse à revista AARP The Magazine que ele descobriu ter Alzheimer em 2016.
O artista seguiu se apresentando, apesar da doença. Sua última performance ao vivo foi em agosto de 2021, quando apareceu com Lady Gaga no Radio City Music Hall. A dupla lançou dois discos.
Bennett levou seus dois primeiros prêmios Grammy, por “San Francisco”, em 1963, e o último, pelo álbum “Love for Sale”, com Gaga, no ano passado. Foram 20 no total, incluindo, em 2001, um prêmio pelo conjunto da obra. A estimativa é que ele tenha vendido mais de 60 milhões de discos.
O auge do início da sua carreira foi em 1962, em um concerto famoso no Carnegie Hall, onde apresentou uma de suas canções mais famosas, “I Left My Heart in San Francisco”.
Apesar de ter visto sua popularidade diminuir ao longo dos anos 1970, com o surgimento do rock, e passar por uma época de decadência, quando as dificuldades profissionais foram exacerbadas por um casamento fracassado e problemas com drogas, sua obra sobreviveu ao tempo.
Bennett prezava pelas suas próprias composições. O artista ficou conhecido por resistir a produtores de discos que insistiam em criar canções para ele.
Ele também tinha relação próxima com política. O artista participou da marcha pelos direitos civis de Selma a Montgomery em 1965 e, com os músicos Harry Belafonte, Sammy Davis Jr., se apresentou num comício.
Em 1996, Bennett se apresentou para Nelson Mandela, que na época era presidente da África do Sul. Além disso, o artista cantou na Casa Branca para John F. Kennedy e Bill Clinton, e no Palácio de Buckingham no 50º aniversário da Rainha Elizabeth 2ª.
Bennett fez sua primeira participação no cinema em 1966, no longa “Confidências de Hollywood”, interpretando um homem traído por um velho amigo. Embora ele não tenha seguido a carreira de ator, o músico ainda faria pontas em longas como “Máfia no Divã”, com Robert De Niro, e “Todo Poderoso”, com Jim Carrey.
Ele tinha 64 anos quando apareceu como uma versão em desenho animado de si mesmo no seriado “Os Simpsons”. Aos 82, apareceu na série da HBO “Entourage”, apresentando uma de suas maiores canções, “The Good Life”.
Bennett já não se lembrava que tinha Alzheimer, afirmou Susan, sua mulher, à CBS News em 2021. “Ele me reconhece, ainda bem, e seus filhos. Nós somos abençoados de diversas formas. Ele é muito doce.”
Na mesma entrevista, a médica do artista, Gaytari Devi, afirmou que ele lembrava bem da figura artística que era. Sua maior dificuldade, segundo ela, era manter relações com outras pessoas.
Benett nasceu Anthony Dominick Benedetto, em agosto de 1926, no bairro de Long Island City, no Queens. O casamento dos seus pais, o italiano Giovanni, e a americana Anna Maria, que eram primos, foi arranjado.
Bennett cantava desde pequeno. Seu primeiro professor de música providenciou para que ele cantasse ao lado do prefeito Fiorello La Guardia na inauguração da ponte Robert F. Kennedy Bridge, em Nova York, em 1936. Quando era adulto, também se tornou um pintor de paisagens e de retratos de músicos.
Ele até começou a estudar numa escola de arte, mas nunca se formou. Foi, então, trabalhar numa lavanderia e como operador de elevador. À noite, se arriscava em pequenos shows como garçom cantor.
Até que foi convocado para servir com o exército americano na Segunda Guerra Mundial. Ele era soldado da infantaria de combate durante o combate. Depois do fim da guerra, Benett foi levado para serviços paralelos, como de bibliotecário, e cantou com uma banda das Forças Armadas.
De volta à Nova York, em 1946, deu pontapé na sua carreira de músico. Se dedicou aos estudos do ofício e começou a cantar em boates.
Bennett foi contratado para lançar projetos na gravadora Columbia Records em 1950, estreando com o single “Boulevard of Broken Dreams”. Seu primeiro grande sucesso surgiu no ano seguinte, com a canção “Because of You”.
Em 1952, lançou “I Left My Heart in San Francisco”, uma regravação da música homônima lançada por George Cory. A canção alcançou o 19º lugar na Billboard, principal parada americana.
Nos anos 1950, Bennett saiu em turnê pela primeira vez. Naquela época, ele casou com Patricia Beech, que o viu num show, mas o casamento acabou na década de 1960, sobrecarregado pela vida atribulada que o músico tinha na estrada. O casal teve dois filhos, hoje conhecidos como Danny e Dae.
Em 1955, Bennett lançou “Cloud 7”, disco repleto de influências do jazz. A partir daí, o músico se entregou ao ritmo. Em “The Beat of My Heart”, de 1957, ele se uniu a jazzistas renomados, como Nat Adderley.
A ascensão do rock nas paradas nos anos 1960 abalou a carreira de Bennett, que vinha se irritando com intromissões da Columbia Records no seu repertório. Depois de lançar álbuns e singles que fracassaram nas paradas, Bennett decidiu se separar da gravadora em 1971. Naquele mesmo ano, se casou com Sandra Grant, com quem teve duas filhas.
Foi quando ele lançou seu próprio selo fonográfico, a Improv Records, casa de alguns dos seus projetos mais elogiados. Mas, sem investimentos adequados, a gravadora faliu em 1977.
Desiludido, ele voltou à Nova York, se divorciou da sua segunda mulher, perdeu a mãe, e se viu lutando contra o vício em maconha e cocaína enquanto uma agência do governo americano ameaçava tomar a sua casa.