SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O Cacique Darã, 57, um dos líderes tupi-guaranis de São Paulo, foi encontrado morto na manhã de desta quarta-feira (18), na aldeia Tekoa Porâ, em Itaporanga (SP).
O corpo estava dentro de um carro na aldeia Tekoa Porã, no bairro da Prainha, segundo informações da Polícia Civil. Policiais militares foram acionados para prestar apoio a uma equipe do Samu.
Os PMs fizeram contato com a mulher da vítima, que relatou que eles haviam chegado à aldeia na noite anterior após uma festa, e que o marido tinha permanecido dentro do veículo.
Ela relatou que, na manhã seguinte, ao acordar, viu que o cacique não estava em casa e, ao procurá-lo, encontrou o cadáver.
O caso foi registrado como morte suspeita na Delegacia de Polícia de Itaporanga.
QUEM ERA O CACIQUE DARÃ
A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) lamentou a morte do cacique e disse que ele foi um “ativista incansável”, dedicando sua vida à luta pelos direitos dos povos indígenas.
Segundo a Funai, inicialmente, o líder indígena atuou na região da Terra Indígena Araribá, no oeste paulista, onde residiu até 2006. “Após essa fase, ele seguiu uma jornada em busca de seu território ancestral, onde seus antepassados viveram, dando início a um processo de retomada na região de Itaporanga, em São Paulo, juntamente com seus parentes e fundando a Aldeia Tekoa Porã”, disse o órgão.
“A Funai se solidariza com os familiares, amigos e a comunidade indígena neste momento de luto. O legado de Cacique Darã permanecerá vivo. Seu trabalho incansável e sua dedicação à causa indígena continuarão a ser uma fonte de inspiração para todos que se unem nessa missão”, declarou a entidade em nota de pesar.
Desde muito jovem, Darã participou de lutas e mobilizações em defesa dos direitos de seu povo, segundo o Conselho Indigenista Missionário em uma nota de pesar após o falecimento do Cacique.
Ele atuou, especialmente, na luta por direitos territoriais e na área de saúde, tendo participado das mobilizações e debates que resultaram na criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena.
Em 2021, também participou ativamente das mobilizações nacionais em defesa dos direitos indígenas. Ele teve papel fundamental no Levante pela Terra, mobilização que reuniu indígenas de todo o país na capital federal. Na ocasião, apesar da pandemia, milhares de lideranças indígenas de todo o país participaram do acampamento, em Brasília, por cerca de dois meses.
Ele também foi um dos fundadores da Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste, organização de base da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.