O Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu investigação contra a Cacau Show, uma das maiores redes de chocolates do Brasil, após receber denúncias de ex-funcionários que relataram práticas abusivas e ambiente corporativo com características de seita. A apuração foi iniciada com base em uma série de relatos publicados pela Repórter Brasil.
As denúncias incluem exigência de participação em rituais motivacionais intensos, com apelos emocionais e controle comportamental. Funcionários teriam sido submetidos a gritos, humilhações públicas e cobranças excessivas por metas, além de uma suposta tentativa de influenciar crenças pessoais. Segundo os depoimentos, a cultura empresarial da Cacau Show estaria promovendo um ambiente tóxico, com discursos que misturam religião e pressão por resultados.
Em resposta, a Cacau Show negou qualquer prática abusiva ou irregular e afirmou que está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos. A empresa também destacou seu compromisso com o bem-estar dos colaboradores.
O MPT, por sua vez, confirmou a instauração de procedimento investigatório para apurar a veracidade das denúncias e avaliar possíveis violações à legislação trabalhista. A investigação está em fase inicial, e o órgão poderá solicitar documentos, convocar testemunhas e realizar diligências nas unidades da empresa.
A repercussão do caso levanta questionamentos sobre os limites entre a motivação corporativa e o respeito à integridade física e emocional dos trabalhadores. Especialistas em direito do trabalho alertam que práticas que ferem a dignidade dos colaboradores, mesmo sob o pretexto de estímulo à produtividade, podem configurar assédio moral.