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Bolsonaro pede a Moraes acesso a depoimento de Cid

O ex-presidente Jair Bolsonaro está internado desde a última segunda-feira no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo. FOTO: Isac Nóbrega/PR
O ex-presidente Jair Bolsonaro está internado desde a última segunda-feira no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo. FOTO: Isac Nóbrega/PR

Mariana Muniz/Agência Globo

 

Vinte e quatro horas após de permanecerem em silêncio em suas oitivas à Polícia Federal, Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro pediram na sexta-feira (01) ao Supremo Tribunal Federal acesso à íntegra dos depoimentos prestados por outros personagens investigados no suposto esquema de desvio e venda de joias recebidas pelo ex-presidente quando estava no cargo. Para que não combinassem versões, oito pessoas foram ouvidas simultaneamente sobre o caso na quinta-feira, entre elas o ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid, peça central da apuração.

No dia 15 de agosto, relator do processo na Corte, o ministro Alexandre de Moraes, concedeu à defesa do casal sos elementos de prova registrados no inquérito até àquela altura. “Nesse contexto, é indubitável que os termos de declarações de oitivas já realizadas constituem elementos já efetivamente documentados, tornando-se, assim, imperiosa a concessão de acesso imediato a esses documentos”, argumentou o advogado Paulo Amador da Cunha Bueno, que representa o casal, na petição enviada ontem ao Supremo.

No documento enviado a Moraes hoje a defesa classifica as oitivas do dia anterior com o “cruciais”: “diante do significativo progresso nas investigações, notadamente com a obtenção de depoimentos cruciais ocorridos, requer-se a autorização para a atualização dos autos, permitindo o acesso integral aos termos de declarações relativos às oitivas realizadas em 31 de agosto de 2023”, conclui o advogado.

Bolsonaro e Michelle, que foram ouvidos em salas separadas na PF, em Brasília, adotaram uma estratégia distinta de outros investigados, dispostos a colaborar com as investigações. O casal não respondeu as perguntas. Em um ofício enviado ao STF anteriormente, a defesa afirmou que o ex-presidente e a sua mulher só “prestarão depoimento” quando o caso das joias sair do Supremo e for remetido à primeira instância. Na visão dos advogados, Moraes não é o “juiz natural competente” do processo. Os advogados de Bolsonaro e Michelle aderiram à tese defendida pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. Em entrevista ao site Metrópoles na quarta-feira, o PGR avaliou que o Bolsonaro já não tem prerrogativa de foro, por ter deixado a Presidência, portanto, o processo deveria correr na primeira instância.

Já o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid tomou rumo inverso do ex-chefe após as investigações mostraram que ele negociou mo exterior joias que haviam sido recebidas pelo ex-presidente. Ouvido pela PF, ele falou por mais de dez horas. Na sexta e segunda-feira passadas, ele já havia prestado depoimentos, que somaram cerca de 16 horas, mas em outro inquérito, o que apura um esquema de falsificação de cartões de vacinação.