Julia Chaib/FOLHAPRESS
A Polícia Federal intimou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e outras pessoas para depoimentos simultâneos no dia 31 de agosto sobre o caso das joias recebidas de autoridades estrangeiras.
Além do ex-casal presidencial, foram intimados, entre outros, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o seu pai, o general da reserva Mauro Lourena Cid e o advogado Frederic Wassef. A informação foi antecipada pelo G1 e confirmada pela Folha de S.Paulo.
A PF já havia pedido a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Jair e Michelle Bolsonaro após apontar a suspeita de que o ex-presidente utilizou a estrutura do governo federal para desviar presentes de alto valor oferecidos a ele por autoridades estrangeiras. O pedido foi aceito pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
GOLPE DE ESTADO
A Polícia Federal também intimou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a depor na investigação contra empresários bolsonaristas que participaram de um grupo do WhatsApp com mensagens nas quais houve defesa de um golpe caso Lula (PT) ganhasse o pleito.
O caso é relatado por Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e foi parcialmente arquivado. Resta ainda a apuração contra os empresários Meyer Nigri, da Tecnisa, e Luciano Hang, da Havan.
As conversas entre os empresários em grupo de WhatsApp foram reveladas na época pelo site Metrópoles. Após a divulgação das mensagens, participantes negaram intenção golpista.
A revelação da troca de mensagens resultou em mandados de busca e apreensão da PF contra os empresários após autorização de Moraes, em agosto de 2022. Como a Folha de S.Paulo mostrou, a decisão tinha como base somente a reportagem sobre conversas de teor golpista –nenhuma outra diligência preliminar havia sido realizada. A intimação de Bolsonaro tem relação com conversas encontradas no celular de Meyer Nigri e com a relação do ex-presidente com Hang.
Em uma conversa com Nigri, o presidente pede para que ele repasse “ao máximo” uma mensagem que sugeria, sem provas, uma fraude do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ao arquivar o caso contra os outros empresários, Moraes citou a conversa encontrada pela PF nos celulares apreendidos nas buscas.
Segundo A PF, a relação do empresário Meyer Nigri com o ex-presidente teria a “finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à democracia e ao Estado democrático de Direito.