ENTRE FARPAS E CRÍTICAS

Bolsonaro chama Caiado de covarde e relação azeda de novo

Em novo episódio de uma relação conturbada, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), de "covarde" durante um comício em Goiânia.

Em novo episódio de uma relação conturbada, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), de "covarde" durante um comício em Goiânia.
Em novo episódio de uma relação conturbada, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), de "covarde" durante um comício em Goiânia.

Em novo episódio de uma relação conturbada, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), de “covarde” durante um comício em Goiânia. O ataque evidencia a resistência que Bolsonaro tem ao ex-aliado desde a pandemia, quando Caiado defendeu medidas restritivas para conter o vírus, e joga luz sobre dilemas na direita para a eleição de 2026. O governador se coloca como uma opção na disputa presidencial diante da inelegibilidade do ex-presidente.

A nova crítica se deu durante um ato de campanha de Fred Rodrigues (PL), candidato à prefeitura da capital goiana que não embalou nas pesquisas. Caiado, por sua vez, apoia Sandro Mabel (União), que lidera em empate técnico com Adriana Accorsi (PT).

– Nós, na pandemia, fizemos o que tinha que ser feito. Fui contra governadores que falavam “fiquem em casa, a economia a gente vê depois”. Governador covarde! Governador covarde! O vírus ia pegar todo mundo, não tinha como fugir do vírus – alegou Bolsonaro.

O ex-presidente afirmou ainda que a única candidatura de direita na capital é a de Fred Rodrigues. Apesar de muita negociação na pré-campanha, o governador goiano optou por lançar um nome do União, o que irritou o PL.

Na direita, o ataque repercutiu mal, mesmo nas fileiras do PL. Segundo pessoas próximas a Bolsonaro, o ex-presidente trouxe de volta ao debate uma rusga entre eles que já havia sido superada e ignorou os acenos que Caiado vem fazendo, como o fato de ter ido ao ato no dia 7 de setembro na Avenida Paulista.

Além disso, aliados temem que a postura agressiva possa impactar na formação do palanque da direita em 2026. Caiado já declarou que quer ser candidato ao Palácio do Planalto e busca o apoio de Bolsonaro, que segue inelegível.

Independentemente de o goiano ser ou não o postulante da direita, dizem interlocutores, será necessário que os principais expoentes do segmento estejam unidos. Nessa linha de raciocínio, não seria interessante que Caiado fosse alvo de Bolsonaro e que os dois se afastassem neste momento.

Ainda de acordo com os aliados de Bolsonaro, as falas em Goiânia não foram planejadas, e o ex-presidente se referiu a Caiado como “covarde” de maneira espontânea, sem calcular eventuais consequências.

Procurado, Caiado não quis comentar as declarações. Interlocutores do governador avaliam que Bolsonaro quis subir o tom na cidade por causa do mau desempenho de seu candidato à prefeitura. O PL também corre risco de derrota em Aparecida de Goiânia, segunda cidade mais populosa do estado.

Segundo a colunista Bela Megale, Caiado reclamou da persistência do ex-presidente no tema pandêmico e disse ainda que “Bolsonaro não tem jeito”.

No primeiro semestre, o governador goiano chegou a se movimentar com mais afinco para construir a candidatura presidencial de 2026. Nesse processo, conversou com institutos de pesquisa e sondou marqueteiros para analisar a conjuntura.

Também nessa missão, Caiado passou a tentar neutralizar a resistência de Bolsonaro. Um dos maiores gestos ideológicos foi a ida a Israel ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), depois de o presidente Lula (PT) ter protagonizado embates públicos com aquele país.

Em fevereiro, Caiado também marcou presença no ato da Avenida Paulista em que Bolsonaro buscou demonstrar força política enquanto era cercado pelas investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado.

– Pré-candidato de oposição não pode se dar o luxo de começar a campanha no ano eleitoral. Tem que discutir os temas que estão preocupando os brasileiros. O governo está errando muito – disse Caiado ao GLOBO em março.

Texto de: Gabriel Saboia (Colaborou: Caio Sartori) – AG