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Bebida Amazônica do PCT Guamá gera renda para 300 comunidades agrícolas

Bebida Amazônica do PCT Guamá gera renda para 300 comunidades agrícolas Bebida Amazônica do PCT Guamá gera renda para 300 comunidades agrícolas Bebida Amazônica do PCT Guamá gera renda para 300 comunidades agrícolas Bebida Amazônica do PCT Guamá gera renda para 300 comunidades agrícolas
Foto: Reprodução/Ag. Pará
Foto: Reprodução/Ag. Pará

Há seis anos, em meio a um estudo sobre a cadeia produtiva das abelhas sem ferrão em diversas comunidades do interior do estado, a engenheira de produção Ana Lídia Zoni, vinculada à Embrapa Amazônia Oriental, acabou criando uma solução lucrativa, sustentável e de valorização da indústria de base para o escoamento do mel produzido por elas, que por ter 40% a mais de água do que o mel produzido pelas abelhas com ferrão e um teor de acidez mais alto, era de difícil comercialização: uma versão 100% amazônica do hidromel, catalogado como a bebida alcoólica mais antiga do mundo e que tem como base mel, água e levedura. A ideia deu tão certo que hoje ela, por meio de duas empresas incubadas dentro do Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá (PCTGuamá), produz cerca de cinco mil litros da bebida por ano, e ainda em 2024 quer chegar aos 25 mil litros.

Foto: Reprodução/Ag. Pará

Para esta produção, ela conta com o apoio de cerca de 300 comunidades da agricultura familiar de diferentes municípios paraenses, o que envolve o trabalho de quase três mil pessoas assistidas por órgãos como Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), pela própria Embrapa e que obtém renda de pelo menos um salário mínimo com uma atuação que não apenas preserva o meio ambiente, mas o multiplica.

“Vi uma lacuna de mercado e decidi comprar esse mel e transformá-lo em hidromel. Há 30 anos essas abelhas sem ferrão estavam em extinção e desde então vem sendo feito um trabalho para mantê-las, então fico muito feliz em favorecer essa cadeia. As abelhas são responsáveis por 85% de toda a base de cadeia vegetal do mundo, então por que não apoiar um negócio desse, já que a gente trabalha com a bioeconomia, com a defesa da natureza? A gente batalha não só para manter a floresta em pé, mas para multiplicar a floresta, a gente trabalha com lado social, ambiental e economico, porque é totalmente sustentável, e pela polinização as abelhas ajudam a aumentar em até 40% a produção de açaí ou de outras plantas. São vários os ganhos, a gente consegue beneficiar mulheres, mães chefes de família”, elenca a pesquisadora e CEO da Hidromel Uruçun.

Foto: Reprodução/Ag. Pará

A produção da bebida começou oficialmente em 2020, e atualmente Ana Lídia trabalha com outras quatro pessoas nas empresas dentro do PCT Guamá. “Conseguimos dar vazão a esse mel garantindo um produto de qualidade, diferenciado de outros que já haviam no mercado com base no jambu, por exemplo. O hidromel está nos melhores pontos de Belém, participou de três internacionalizações na Alemanha, no Panamá, na Africa do Sul. A gente consegue valorizar a indústria de transformação quando o que a gente vê são matérias primas saindo daqui. Trabalhamos com os insumos amazônicos e garantir que a renda permaneça aqui”, enaltece.

Enquanto mulher e pesquisadora, ela afirma que há muitas outras potencialidades a serem descobertas e acredita que a academia pode se envolver mais nisso, ainda mais em vésperas de Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, em Belém. “A gente vem fazendo convite a quem está nas universidades que pesquise mais, que se disponha a descobrir todas as riquezas que temos. Estamos vivendo esse cenário favorável por causa da COP 30, então é hora de se preparar porque temos muita coisa boa, temos muito apoio do PCT, dos editais de governo. Para quem tem curiosidade, tem expertise, e de repente quer desenvolver um produto, esse é o momento”, indica Ana Lídia.