Notícias

Barroso anuncia projeto de criação do cadastro único de precatórios no CNJ

Barroso anuncia projeto de criação do cadastro único de precatórios no CNJ Barroso anuncia projeto de criação do cadastro único de precatórios no CNJ Barroso anuncia projeto de criação do cadastro único de precatórios no CNJ Barroso anuncia projeto de criação do cadastro único de precatórios no CNJ
Barroso: banco permitirá o acompanhamento da dívida por toda a sociedade, com critérios automatizados de atualização

FOTO: Rosinei Coutinho / SCO / STF
Barroso: banco permitirá o acompanhamento da dívida por toda a sociedade, com critérios automatizados de atualização FOTO: Rosinei Coutinho / SCO / STF

Constança Rezende/Folhapress

 

O presidente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso, anunciou, nesta terça-feira (20), um projeto para criação de um cadastro único de precatórios.

Segundo Barroso, o banco nacional de precatórios vai permitir o acompanhamento da dívida por toda a sociedade, com critérios automatizados de atualização para fins de pagamento.

O projeto também inclui uma pesquisa para identificar as causas do excesso de litigiosidade em relação ao poder público e tentar encontrar soluções para o problema.

A ideia, de acordo com o ministro, é solucionar os precatórios atrasados “que geraram um mercado paralelo indesejável para a Justiça”. “Os precatórios custam ao país cerca de R$ 100 bilhões ao ano. Em nenhum outro país do mundo existe esse nível de litigiosidade contra o poder público”, afirmou o ministro.

Barroso acrescentou que o sistema não tem funcionado bem, principalmente nos estados, que estão em atraso com os precatórios, e que o país não tem o levantamento dessa dívida.

“O Judiciário é uma instância patológica da vida, porque só existe judicialização quando há briga. Portanto, o grande papel do Estado, em geral, é evitar que a briga aconteça”, disse.

Quando o poder público é condenado, ele paga por meio do mecanismo, que inclui no Orçamento do ano seguinte o valor que tem de ser pago a quem ganhou o litígio.

Na mesma sessão, Barroso anunciou que o CNJ fará uma portaria que pretende extinguir todas as execuções fiscais de até R$ 10 mil que estejam paradas há mais de um ano, sem indicação de bens do devedor que possam satisfazer a dívida (penhora).

Segundo Barroso, o valor representa cerca de 52% das execuções fiscais no Brasil. Além disso, as ações de cobranças representam 34% dos 80 milhões de processos da Justiça brasileira. Execuções fiscais são ações em que o poder público cobra tributos que não foram pagos. “Temos a expectativa de extinguir alguns milhões de processos com esta medida. Essas fazem ações fazendo estatística negativa para o Judiciário, sem trazer nenhum proveito para a sociedade”, disse, acrescentando que não há expectativa de que estes valores sejam arrecadados, o que justifica a sua extinção.

Barroso também disse que irá instituir a necessidade do protesto do título da dívida antes do ajuizamento da execução fiscal.

Ele afirmou que o departamento de economia do Supremo detectou que as execuções fiscais arrecadam menos de 2% do que pretendem arrecadar, mas o protesto prévio de títulos arrecada mais de 20%.

“Esta é uma fórmula menos onerosa para a sociedade do que a judicialização. No normal dos casos, se não conseguir receber um protesto, nem adianta ajuizar a execução. Nós precisamos diminuir esse volume de processos para que os juízes possam se dedicar aos processos que verdadeiramente vão trazer benefícios para a sociedade”, declarou.

Barroso também anunciou que as grandes e médias empresas do país terão 90 dias, a partir de 1º de março, para se cadastrarem voluntariamente no Domicílio Judicial Eletrônico.

A ferramenta vai consolidar o domicílio judicial eletrônico de todas pessoas jurídicas. Elas devem comunicar no portal o endereço eletrônico em que vão receber as citações e intimações. O objetivo é que todas as comunicações de processos dos tribunais brasileiros sejam feitas às partes por meio deste portal.

Após 30 de maio, o cadastro será feito de forma compulsória, a partir de dados da Receita Federal, porém, sujeito a penalidades e riscos de perda de prazos processuais.

O ministro disse que é importante que todos os tribunais estejam integrados ao sistema e que a medida vai simplificar “imensamente” o funcionamento da Justiça. Ele acrescentou que o passo seguinte será estender o serviço às pessoas físicas.