O baixo nível dos reservatórios de hidrelétricas em todo o país acendeu um alerta no setor elétrico e colocou novamente em debate, o retorno do horário de verão a partir de 2026. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) confirmou que diversos reservatórios, especialmente na região Sul, estão com níveis abaixo do esperado para este período, resultado de chuvas abaixo da média e aumento da demanda por energia.
Com esse cenário, o Ministério de Minas e Energia (MME) e o governo federal passaram a avaliar a possibilidade de retomar a medida, que deixou de ser aplicada em 2019. O horário de verão tem como principal objetivo reduzir o consumo de eletricidade no período de maior demanda, diminuindo a pressão sobre o sistema, principalmente no chamado horário de pico, quando há menor geração de energia solar e maior uso de luz artificial.
No Pará, onde a geração hidrelétrica tem grande peso, os reservatórios apresentam situação mais estável, mas técnicos alertam que mudanças no clima podem alterar rapidamente o cenário. A medida, caso adotada, terá impacto menor na economia de energia local, mas poderá contribuir para a estabilidade do sistema nacional.
A mudança de horário provoca impacto na rotina da população, gerando desconforto e dificuldades de adaptação, principalmente em crianças e pessoas com horários rígidos de trabalho ou estudo. Há ainda variações regionais: em áreas próximas à linha do Equador, como a região Norte, o ganho de luz natural é menor, o que reduz a efetividade da medida.
GOVERNO DECIDE ATÉ OUTUBRO
O governo federal deve definir até outubro se o horário de verão será retomado. Caso aprovado, ele poderá entrar em vigor em novembro de 2025, seguindo até fevereiro de 2026. Segundo fontes do MME, a decisão levará em conta os níveis dos reservatórios, previsões climáticas e projeções de consumo para os próximos meses.
Enquanto isso, o ONS segue monitorando a situação e implementando medidas emergenciais para garantir o fornecimento de energia durante os meses de maior demanda.“O retorno do horário de verão não resolve sozinho a questão energética, mas pode ser um aliado importante neste momento de instabilidade”, afirmou um representante do setor elétrico.
Com a decisão nas mãos do governo federal, especialistas e consumidores aguardam para saber se os relógios voltarão a ser adiantados, em uma medida que, além de técnica, carrega forte peso político e simbólico para o país.
De acordo com técnicos do Operador Nacional do Sistema, a situação exige atenção, pois os reservatórios precisam estar em níveis seguros para o período seco. O horário de verão é uma das ferramentas que podem ajudar a equilibrar a carga do sistema.
GANHOS AMBIENTAIS
Durante o horário de verão, os relógios são adiantados em uma hora, permitindo que parte das atividades diárias seja realizada ainda com luz natural. Esse deslocamento pode resultar em: menor uso de iluminação artificial em residências, comércios e serviços no início da noite; redução na necessidade de acionar usinas térmicas, que têm custo mais alto e maior impacto ambiental; proteção aos reservatórios, evitando quedas bruscas nos níveis durante a estiagem; e estímulo econômico em setores como comércio e turismo, que ganham mais tempo útil de luz natural.