Pela primeira vez desde 2020, o avião retomou a liderança como meio de transporte coletivo nas viagens domésticas do Brasil, superando o ônibus. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) Turismo 2024, divulgada pelo IBGE, revela que 14,7% das viagens realizadas no país foram feitas de avião, enquanto 11,9% ocorreram em ônibus. O carro particular, no entanto, continua sendo a principal forma de deslocamento dos brasileiros.
No total, foram registradas 20,6 milhões de viagens pelo território nacional em 2024 — número estável em relação a 2023, mas bem acima do período da pandemia, quando o turismo chegou a apenas 12,1 milhões de deslocamentos em 2021.
Fatores que Impulsionaram a Aviação
O aumento da renda média do trabalho, que avançou 4,7% em 2024, ampliou o acesso das famílias ao transporte aéreo. Além disso, as viagens a trabalho, que representaram 28,8% do total, contribuíram para a expansão do avião como meio preferencial, já que a rapidez é decisiva nesse tipo de deslocamento.
No lazer, embora o carro siga predominante, o transporte aéreo também cresceu diante da busca por destinos mais distantes, como os voltados ao turismo cultural e gastronômico. Mesmo com a alta de 11,7% nos gastos com turismo, o avião tornou-se mais competitivo frente ao ônibus em percursos longos, por oferecer economia de tempo e maior comodidade.
Políticas Públicas e Infraestrutura
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, atribui os resultados às políticas de conectividade e democratização do acesso ao transporte aéreo. “Com mais conectividade, tarifas acessíveis e infraestrutura adequada, a aviação civil brasileira avança não apenas como um meio de transporte, mas como vetor de integração nacional, que eleva o turismo, aumenta os negócios e gera empregos e oportunidades”, afirmou.
Entre as iniciativas do governo estão:
Acordo com o CNJ e a Anac para reduzir a judicialização no setor e diminuir custos operacionais.
Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC), que em 2025 disponibilizará R$ 4 bilhões para financiar projetos de companhias aéreas, com foco em ampliar voos em aeroportos regionais.
Programa AmpliAR, voltado para modernizar e expandir aeroportos de cidades médias e pequenas, aumentando a oferta de assentos no mercado.
Outro fator que favoreceu o setor foi a queda no preço do querosene de aviação (QAV), responsável por cerca de 40% dos custos operacionais das companhias.
Um Novo Cenário Para o Turismo
A retomada da aviação doméstica marca um ponto de virada no perfil de viagens no Brasil. Com mais opções de rotas, custos em queda e infraestrutura regional em expansão, o avião volta a ocupar posição central, projetando um cenário de integração nacional mais rápido, competitivo e acessível para os próximos anos.