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Após prejuízo bilionário, Americanas prevê fechar menos de 100 lojas

A Americanas, que ontem divulgou um prejuízo de R$ 1,41 bilhão nos primeiros seis meses deste ano, planeja intensificar a venda de produtos mais baratos
Foto: Wagner Santana/Diário do Pará.

RIO (AG) – A Americanas, que ontem divulgou um prejuízo de R$ 1,41 bilhão nos primeiros seis meses deste ano, planeja intensificar a venda de produtos mais baratos, enquanto se prepara para fechar mais lojas nos próximos meses. A varejista pretende retomar a venda de ativos ainda este ano, ao mesmo tempo em que avalia a melhor estratégia jurídica para buscar o ressarcimento pelos prejuízos causados pela antiga diretoria.

Em entrevista ao GLOBO, Leonardo Coelho, CEO da Americanas, e Camille Faria, diretora financeira da varejista, detalharam que a empresa ainda tem um longo caminho de recuperação pela frente, apesar de já ter reduzido seu nível de prejuízo desde o ano passado, quando foi descoberta uma fraude contábil de mais de R$ 25 bilhões, que gerou uma grave crise financeira e levou a companhia a um processo de recuperação judicial, ainda em andamento.

– Quando analisamos a geração de caixa operacional, os primeiros seis meses mostraram que conseguimos trazer a operação para um patamar próximo ao equilíbrio. Ainda há muito a ser feito. Esperamos uma melhoria contínua a partir dos resultados atuais. Queremos que o terceiro trimestre seja melhor que o segundo, e o quarto melhor que o terceiro. É o que esperamos.

Para alcançar esses objetivos, os executivos preveem o fechamento líquido (o que leva em conta novas aberturas) de menos de 100 lojas nos próximos 12 a 15 meses. Entre 2023 e junho de 2024, a varejista já fechou 181 unidades. Paralelamente, a companhia está reforçando o portfólio das lojas físicas com produtos mais baratos.

Coelho mencionou o aumento das categorias de eletroportáteis, como sanduicheiras, liquidificadores e chapinhas, além de alimentos, bebidas e itens de higiene e beleza. O executivo também observou que hoje a empresa vende apenas TVs de até 32 polegadas.

– Temos ainda utilidades domésticas e brinquedos, com opções entre R$ 20 e R$ 30, que cabem no bolso do cliente. No sortimento das lojas, os produtos de menor valor, essenciais para enfrentar este momento de menor poder aquisitivo, devem ganhar mais espaço. Não vendemos mais geladeiras, notebooks ou produtos de linha marrom – explicou Coelho.

Ele também comentou que as vendas pela internet devem cair um pouco mais, mas já estão próximas da estabilização.

– O varejo físico é o coração da Americanas, enquanto o digital é uma extensão complementar.

Durante uma conferência com analistas, Camille lembrou que a empresa não espera concluir o processo de recuperação judicial antes do início de 2026. Ela mencionou o processo de venda de ativos, que faz parte do acordo com os credores. Ao GLOBO, Camille disse que o início do processo de a venda da Uni.Co, dona do Imaginarium, pode começar ainda este ano.

A companhia também planeja se desfazer da Hortifruti Natural da Terra (HNT) e das marcas Shoptime e Submarino, com a meta de arrecadar pelo menos R$ 1 bilhão com todas as vendas. O valor será usado para abater das dívidas.

– Os ativos estão em estágios diferentes. No caso da Uni.Co, podemos começar o processo de venda ainda este ano. Já na HNT, ainda há melhorias a serem feitas na operação. Com a Ame, estamos integrando a atividade à Americanas, o que elimina a necessidade de algumas licenças e nos leva a considerar a venda. Além disso, houve mais de um interessado em Shoptime e Submarino, o que nos surpreendeu – exemplificou Camille.

Em relação ao processo de investigação envolvendo a fraude contábil praticada pela antiga diretoria da Americanas, Coelho disse que a empresa vai buscar uma reparação:

– A busca pelo ressarcimento dos prejuízos sofridos pela Americanas é uma prioridade tanto para o Conselho de Administração quanto para a atual diretoria. Estamos avaliando todas as possibilidades para garantir esse ressarcimento à companhia. Vamos em frente. Entre as opções, estamos considerando ações de responsabilidade contra os ex-administradores. Essa é uma decisão que faz parte de uma estratégia jurídica mais ampla – afirmou Coelho.

Nesta quinta-feira, as ações da empresa chegaram a cair 70%. Segundo especialistas, a queda foi causada principalmente pelo fato de que, a partir de hoje, os credores podem vender as ações que passaram a deter após a conversão de suas dívidas realizada durante o aumento de capital no mês passado. A operação converteu R$ 12 bilhões de dívidas em 9 bilhões de papéis.

Texto de: Bruno Rosa