ISABELLA MENON
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A aluna da USP Alicia Dudy Muller Veiga, 25, que confessou ter desviado quase R$ 1 milhão do fundo da formatura dos colegas da Faculdade de Medicina, deve retornar às aulas. De acordo com seu advogado Sérgio Stocco, ela volta a frequentar as aulas após o feriado do Carnaval, no dia 27 de fevereiro.
A notícia do retorno de Alicia causou revolta entre alunos. De acordo com estudantes ouvidos pela reportagem, a insatisfação é geral, e os estudantes solicitaram uma reunião com a diretoria nesta sexta-feira (17).
Procurada pela reportagem, a USP não respondeu. Ao UOL a universidade disse que a decisão de trancar ou não a matrícula é exclusiva de qualquer aluno.
O advogado de Alicia diz que ela está receosa com o retorno e que elaborou um documento para enviar à USP informando que, enquanto ela estiver nas dependências da universidade, a responsabilidade sobre ela é deles e da polícia do campus.
Alicia foi indiciada sob suspeita de apropriação indébita, mas a Promotoria avalia que ela cometeu crime de estelionato. Por isso, solicitou o retorno do inquérito para a autoridade policial para que seja colhida a representação das vítimas a fim de discriminar “de forma individual o prejuízo suportado para cada uma delas”.
Os desvios no fundo de formatura da turma de medicina se tornaram conhecidos em janeiro, quando a própria estudante escreveu em um grupo de WhatsApp que havia investido parte do dinheiro guardado para a festa em uma corretora, que lhe teria dado um golpe -versão que não se sustentou.
Em depoimento posterior à polícia, a aluna afirmou que investiu o valor, mas perdeu o dinheiro por falta de conhecimento em finanças. Com isso, passou a jogar na loteria para tentar recuperar o montante.
A investigação apontou que Alicia utilizou parte do dinheiro para cobrir despesas pessoais. Ela recebeu nove transferências do fundo de formatura para contas próprias de novembro de 2021 até dezembro de 2022.
Os repasses foram feitos pela empresa Ás Formaturas para três contas pessoais de Alicia, a pedido da estudante, que era presidente da comissão de formatura.
Cada transferência pode ser considerada um crime cuja pena máxima é de quatro anos de reclusão. Assim, ela poderia pegar uma pena de até 36 anos.
Após investigação do Procon, a empresa organizadora da festa disse ao órgão que se comprometia em absorver o prejuízo de R$ 920 mil dos estudantes de medicina da USP e realizar o evento sem custo extra para os formandos.
Além de apropriação indébita, Alicia é investigada por suspeita de estelionato e lavagem de dinheiro pela polícia de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo). Essa investigação teve início após ela tentar apostar, sem pagar, um total de R$ 891 mil em bilhetes da Lotofácil.