A Polícia Civil do Distrito Federal conseguiu desmontar uma trama, elaborada por dois adolescentes de 17 anos, que incluía o massacre de colegas de uma escola pública do DF que, segundo eles, cometiam repetidos atos de bullying contra os dois. Alunos do 2º ano do ensino médio, os adolescentes utilizavam a plataforma para compartilhar planos macabros, os jovens propagavam em vídeos discursos de ódio contra mulheres, negros e gays, além de fazer apologia ao nazismo por meio de um site criado por eles.
Nas filmagens exibidas na própria rede, os garotos aparecem manuseando armas caseiras fabricadas por eles e descrevem os planos de abrir fogo contra colegas na escola onde estudavam. Um dos estudantes chega a falar que um massacre seria realizado em 20 de setembro, dia do aniversário de 18 anos do amigo. “Que tal fazermos no seu aniversário? O seu presente vai ser atirar em preto e matar gente”, relata o portal de notícias Metrópoles, que divulgou em primeira mão os planos macabros dos adolescentes.
A dupla também usava o TikTok para impulsionar os vídeos com marketing para aumentar o alcance do site que criaram. Algumas contas chegaram a ser banidas pela rede social justamente pelo discurso de ódio.
PREPARATIVOS PARA O MASSACRE
Entre o final do ano passado e junho deste ano, os jovens gravaram e publicaram cerca de 10 vídeos narrando todos os preparativos para o massacre. A dupla batizou a data como “dia zero”.
Os planos dos alunos de uma escola pública do Distrito Federal só não foram em frente graças à atitude tomada pelos dirigentes e professores da escola pública, que descobriram os planos macabros dos alunos. Os arquivos, segundo o Metrópoles, foram apagados há dois meses.
O Metrópoles optou por não divulgar o nome da escola e da região administrativa em que a unidade de ensino fica com o objetivo de coibir a disseminação de fake news e evitar pânico na comunidade.
Os pais dos adolescentes tiveram acesso aos conteúdos e vídeos graças a uma estudante argentina, que chegou a interagir com os brasileiros pelo site que criaram. Ela revela que, após tomar conhecimento da gravidade das publicações, conseguiu localizar parentes deles na capital brasileira, para quem enviou os arquivos.
O garoto que detalha os planos para a aquisição de armas de forma clandestina chega a afirmar a intenção de comprarem armas no mercado negro, mas que, em razão de desconhecerem uma forma de se conectar nesse mercado, decidiram fabricar armas caseiras.
Em vídeo obtido pelo Metrópoles, os dois seguem exibindo armas artesanais e reafirmam o desejo de matança. “Só preciso de armamento, porque aí eu só vou matar ‘de boa’. Quem invade escola de faca é imbecil”, dizem os dois jovens. O portal de notícias teve acesso a vários vídeos e a conversas que mostram os jovens fabricando armas e explosivos caseiros com o objetivo de matar, especialmente pessoas negras e mulheres.
Em determinado momento das imagens, informa o Metrópoles, é possível ver a dupla detonando explosivos em um terreno baldio. Em outro, treinando tiros com as armas caseiras, no quintal de uma casa.
Em um dos conteúdos gravados, ambos aparecem mandando recados aos colegas de escola, proferindo ofensas contra pessoas que supostamente teriam cometido bullying contra eles. “Talvez o que aconteça seja culpa de vocês. Somos os revolucionários, somos os nazistas”, afirma categoricamente um deles.
Símbolos e Ideologias
A dupla fazia inúmeras menções a símbolos nazistas e, em uma das gravações, um deles desenha uma suástica com a poeira solta em cima de um violão. Ao mostrarem o símbolo, começam a saudar líderes nazistas: “Heil, Hitler! Morte aos judeus”, bradaram. Em outra ocasião, desenharam um sol negro em uma praça pública, em referência ao movimento neonazista.
A Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal informou que a coordenação de ensino da região administrativa onde fica a escola, ao tomar conhecimento do caso, adotou imediatamente todas as medidas cabíveis. Ainda segundo a pasta, as equipes gestoras do colégio encaminharam o caso à Polícia Civil, que já investiga e segue acompanhando a questão de perto.
Casos Anteriores e Medidas Adotadas
Este não foi o primeiro caso envolvendo jovens e escolas públicas no DF. Em maio deste ano, um adolescente de 16 anos foi apreendido pela PCDF suspeito de planejar um ataque a uma escola pública. Na época, o jovem foi detido por agentes da Divisão de Prevenção e Combate ao Extremismo Violento. De acordo com as investigações, o jovem chegou a escrever uma carta detalhando planos de “matar um número indeterminado de pessoas” na escola onde estuda.