A relação entre pais e filhos têm mudado bastante ao longo do tempo. O respeito absoluto, a rigidez extrema e até uma certa forma de opressão deram espaço, com o passar dos anos, a uma relação mais aberta e dialogada. Porém, com o advento de novas relações interpessoais e o desenvolvimento da tecnologia, os jovens às vezes parecem não estar na mesma sintonia dos pais, gerando atritos que podem se agravar.
Segundo a psicóloga Joelma Martins, o período da adolescência é o mais complicado e onde estas diferenças entre pais e filhos aparecem.
“A adolescência é um período da vida que traz grandes desafios e descobertas. Trazendo um distanciamento entre pais e filhos, com isso afetando a comunicação, como conflitos geracionais, falta de comunicação e principalmente dificuldade de demonstrar emoções e sentimentos”, explica.
Apesar de ser necessário respeitar uma certa individualidade dos jovens, a especialista avalia que é importante buscar uma aproximação. “Os pais são os responsáveis em colocar limites, mas precisam manter uma postura receptiva para escutar e dialogar com os filhos. Praticar o que chamamos de escuta ativa, mantendo uma postura empática, de respeito e receptividade ao novo”, ressalta.
Uma série de sucesso no momento vem chamando a atenção para a relação entre pais e filhos no contexto da tecnologia. ‘Adolescência‘, da Netflix, mostra um dilema familiar que termina em tragédia após os pais não perceberem os rumos que a vida de um garoto tomava em meio às redes sociais e na escola. O paralelo — radical — que a série chama a atenção para situações que podem ser extremas, se os pais não acompanharem o dia a dia em determinadas situações.
Na vida real, apesar da rotina corrida de estudo destes jovens e de trabalho para os adultos, Martins orienta que os pais se esforcem e disponibilizem tempo de qualidade com os filhos para fortalecer vínculos afetivo, fazendo programas em conjunto e não apenas mantendo diálogos triviais ou assuntos relacionados à rotina de estudos – o que reforça o caráter cansativo do dia a dia.
“A tecnologia veio trazendo uma nova realidade de diversão. Os pais precisam conhecer esse universo e fazer novas adaptações para acompanhar o desenvolvimento dos filhos também”, alerta a psicóloga.
Manter-se informado sobre os meios digitais consumidos pelos adolescentes também ajuda a prevenir o contato deles com violência excessiva na internet e discursos de ódio. A vigilância é importante, mas com cautela, pois o adulto deve entender o que pode ou não ser um risco, para que o jovem não se sinta censurado em algo que é apenas uma diversão.