Nos últimos anos de sua vida, o médium baiano Divaldo Franco, que faleceu ontem aos 98 anos após complicações de um câncer na bexiga, esteve envolvido em polêmicas por ser visto como defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus apoiadores que tomaram Brasília em 8 de janeiro.
Qual era a relação entre Divaldo e Bolsonaro?
Divaldo ficou conhecido como o “médium de direita” entre outros praticantes do kardecismo. A afirmação foi registrada por uma reportagem da Veja de 2019. Naquela época, ele já havia expressado simpatia por Bolsonaro e, embora não tivesse comparecido às urnas em 2018 por ter esquecido seu título de eleitor, Divaldo confirmou que teria votado no então candidato.
“O atual presidente representava uma esperança, apesar de eu não aprovar seus discursos a favor da tortura,” afirmou Divaldo à Veja em 2019.
Divaldo também se dizia fã de Sérgio Moro, entusiasta da Lava Jato, e acreditava que “ao prender Lula, ele deve ter cumprido a lei”. Apesar disso, ele confessou que votou em Lula nas duas eleições anteriores e o considerava “um nordestino que persistiu e venceu”.
Laços com o conservadorismo
A conexão de Divaldo com o conservadorismo não se limitava a suas opiniões políticas expressas em palestras e vídeos, mas também influenciava sua vida pessoal e obra. Um de seus políticos favoritos era João Doria, que ele descrevia como “um homem honrado e competente”. Seu irmão, Raul Doria, foi responsável pela produção do filme Divaldo – O Mensageiro da Paz.
Encontro com Bolsonaro
Em julho de 2022, o encontro entre Divaldo e Bolsonaro gerou controvérsias. O então presidente desembarcou em Salvador para motociatas em várias cidades baianas, e Divaldo foi até a Base Aérea da capital para ser homenageado com a Medalha da Ordem de Rio Branco, a mais alta honraria da chancelaria brasileira. Ele também posou para fotos com Bolsonaro, e essa aproximação não foi bem recebida por outros espíritas.
Alguns líderes do movimento espírita criticaram Divaldo, como Rui Maia Diamantino, presidente do Núcleo Espírita Francisco de Assis (Nefa), que escreveu:
“Alguns parecem não entender o que é a Lei de Amor, Justiça e Caridade de ‘O Livro dos Espíritos’. Aceitar honrarias já é contrário à ética cristã-espírita. Com a proveniência luciférica de tal honraria, é algo inadmissível! Que Cristo tenha piedade de nós!”