O Besouro Azul nem de longe é um herói conhecido e adorado entre os fãs da DC Comics, mas tinha um potencial gigante de fazer sucesso na adaptação aos cinemas. O personagem da versão do cinema tem uma história parecida com o Homem-Aranha: um garoto pobre, Jamie Reyes, que acha um artefato alienígena que lhe dá poderes e muitas responsabilidades.
Aqui, Reyes é um filho de imigrantes ilegais mexicanos que retorna à cidade fictícia de Palmeira City com um diploma, mas sem nenhuma perspectiva de trabalho. Nessa busca por emprego para ajudar a família, ele acaba acidentalmente encontrando um escaravelho, que se funde ao seu corpo e lhe dá vários poderes.
Mas, infelizmente, a produção e o contexto não ajudaram em nada a aventura do herói nas telonas e, além de fracassar com o público, também não agradou muito a crítica. O primeiro motivo para isso é que “Besouro Azul” (2023) já chegou fora do tempo, quando o universo cinematográfico da editora está sendo refeito pela Warner e os filmes que já estavam prontos estão sendo lançados com muita má vontade ou não têm atraído tanta atenção, já que fazem parte de um “universo” iniciado por Zack Snyder e que foi deixado de lado. Além de que os últimos exemplares, como “The Flash”, “Adão Negro” e “Shazam” só fizeram dar prejuízos à gigante do entretenimento.
Mas o atual lançamento dos cinemas está longe de ser um bom filme também. Com apenas alguns momentos divertidos e um roteiro bobo ao extremo, o trabalho do diretor Angel Manuel Soto só se salva pelo carisma de boa parte do elenco. O texto é maniqueísta e risível ao investir em uma história de origem sem originalidade e vilões tão caricatos que chega a irritar. Susan Sarandon exagera tanto que é até difícil conceber que estamos diante de uma veterana das telas.
Não dá para defender os diálogos também. Todos os personagens despejam todos os clichês argumentativos possíveis, do “poder que está no seu coração” a “você não é digno desse poder”. Pelo menos a família Reyes é formada por atores veteranos e carismáticos, além de Xolo Maridueña e Bruna Marquezine terem uma boa química juntos como o casal principal. Marquezine, por sinal, abraça bem a sua primeira oportunidade em Hollywood, mesmo que seja em um filme que não se ajuda muito. Tem talento para agradar as plateias.
No mais, há algumas boas cenas de ação dirigidas por Soto, efeitos especiais decentes e um design de produção até bacaninha, emulando uma cidade futurista em contraste com a periferia dos imigrantes (mesmo repetindo o clichê de cores quentes nos ambientes latinos), mas não deixa de ser um filme cansativo pelas repetições e ritmo irregular. Ainda não foi dessa vez, DC.