O QUE VOCÊ PRECISA SABER

Bactérias intestinais: Guardiãs da imunidade, metabolismo e saúde mental 

A comunicação entre o intestino e o cérebro (eixo intestino-cérebro) é crucial para a saúde mental.

médica gastropediatra Daniela Imbiriba.
Médica gastropediatra Daniela Imbiriba. Foto: Divulgação

Entre as características da microbiota intestinal, saiba que ela influencia a extração de energia dos alimentos, potencialmente levando a um aumento de peso. Além disso, a comunicação entre o intestino e o cérebro (eixo intestino-cérebro) é crucial para a saúde mental. As afirmações são da médica gastropediatra Daniela Imbiriba

“A microbiota contribui para a produção de neurotransmissores, como serotonina e dopamina, que são importantes para a regulação do humor. De acordo com estudos científicos, um intestino inflamado, que pode ser causado pela disbiose, está relacionado a transtornos mentais”, informa.

Portanto, na contramão da alimentação saudável, é bom evitar alimentos ultra-processados, ricos em gorduras, açúcares, carne vermelha e bebidas alcoólicas, que são prejudiciais a essa flora, segundo a médica. “Prefira alimentos naturais, de preferência orgânicos, ricos em prebióticos e probióticos com variedade de nutrientes”, recomenda.

O CORPO SENTE 

A nutricionista Mariana Oliveira, frisa que quando o intestino está desequilibrado, o corpo inteiro sente. “Estudos mostram que a microbiota desregulada pode afetar o metabolismo, dificultar a perda de peso e até favorecer o acúmulo de gordura”. 

Quanto ao canal direto entre o intestino e o cérebro, a profissional destaca que esse canal de conversa entre os dois órgãos permite que o intestino envie sinais para o cérebro e vice-versa. 

A Conexão Intestino-Cérebro e a Produção de Serotonina

“Então, se a microbiota não está indo muito bem, isso pode afetar o humor, aumentar a ansiedade, causar insônia e até contribuir para quadros de depressão. É como se o intestino e o cérebro estivessem conectados por uma linha reta e conversassem o tempo todo. Essa comunicação acontece, em parte, pelo nervo vago e por substâncias químicas produzidas pelas bactérias intestinais”, ilustra. 

Por exemplo, cerca de 90% da serotonina, um dos hormônios responsáveis pela sensação de bem-estar, é produzida no intestino e não no cérebro, lembra Mariana. “Quando a microbiota está saudável, ela ajuda a manter essa produção em equilíbrio. Mas quando ela está desorganizada, isso pode afetar a nossa saúde emocional e mental. É por isso que muitos pesquisadores chamam o intestino de nosso segundo cérebro”.

Impacto dos Alimentos Ultraprocessados na Microbiota

Por outro lado, a microbiota sofre com excessos de alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, salgadinhos, bolachas recheadas, embutidos e fast foods. Obviamente, evitar esses produtos significa evitar problemas intestinais. 

“Esses alimentos geralmente têm muito açúcar, gorduras ruins e aditivos químicos, todos os ingredientes que desequilibram o intestino e favorecem o crescimento de bactérias inflamatórias”, justifica a nutricionista. “O uso excessivo de álcool e o consumo frequente de antibióticos também podem afetar negativamente a saúde intestinal”.

É por isso que cuidar da microbiota intestinal é cuidar da saúde como um todo. “Com pequenas mudanças no prato, mais fibras, menos industrializados, alimentos fermentados e mais variedade de vegetais, você fortalece o intestino, melhora a imunidade, equilibra o metabolismo e ainda protege a mente. O seu corpo inteiro vai agradecer, até o cérebro”.