Adriane Lopes (PP) e Rose Modesto (União Brasil) vão disputar o segundo turno da eleição para a Prefeitura de Campo Grande (MS), projeta Datafolha. A votação final está agendada para 27 de outubro.
Para projetar a vitória de um candidato, o Datafolha acompanha os dados da apuração divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e, por meio de um sistema próprio, faz a projeção do resultado considerando o peso que cada zona eleitoral tem em relação ao total de eleitores de cada cidade. Quando há um número razoável de votos apurados em todas as zonas eleitorais, poderá ser possível estimar que um candidato não pode mais ser ultrapassado, e, portanto, projetar sua vitória.
O resultado do primeiro turno enterra as pretensões do PSDB partido hegemônico em Mato Grosso do Sul de governar simultaneamente o estado e a capital. A derrota foi consolidada na última semana da eleição, com o candidato Beto Pereira (PSDB) sob ataque dos oponentes.
O cenário não era o mais esperado na capital de Mato Grosso do Sul. Adriane arrancou na reta final da campanha com discurso conservador, tentando atrair votos bolsonaristas, mesmo não tendo apoio do ex-presidente.
O símbolo da campanha de reeleição da prefeita é uma bota típica do povo sul-mato-grossense. Era uma estratégia para mostrar que, diferente de seus principais oponentes, que ocupam cargos em Brasília, ela era a única preocupada em bater perna por Campo Grande para resolver os problemas da cidade.
Já Rose era a favorita nas pesquisas de intenção de voto. Ela liderou durante toda a campanha sem investir em grandes embates. Mudou de estratégia na última semana antes da eleição, com ação publicitária agressiva contra oponentes.
Rose Modesto, 46, começou a carreira em 2008 como vereadora pelo PSDB. Foi eleita vice-governadora de Reinaldo Azambuja (PSDB) em 2014 e deputada federal em 2018. Em 2022, quando escolheu concorrer ao governo do estado, foi descartada pelo partido. Filiou-se, então, ao União Brasil.
Há dois anos, Rose perdeu a eleição para o tucano Eduardo Riedel. Ficou em quarto lugar. Ela avalia que a derrota serviu ao menos para consolidar sua imagem em Campo Grande, com os frutos colhidos no pleito deste ano.
Adriane Lopes, 48, tem formação em direito e teologia. Foi também coach vinculada ao Instituto Brasileiro de Coaching. Ganhou projeção em Campo Grande após atuar por quatro anos no sistema penitenciário do estado.
Ela era vice-prefeita de Marquinhos Trad (PSD) desde 2017. Assumiu o comando da cidade em 2022, quando o prefeito renunciou ao cargo para disputar o governo de Mato Grosso do Sul.
Adriane é a primeira mulher a ocupar a Prefeitura de Campo Grande. Desde o início da campanha, seu desempenho nas urnas era uma dúvida de seus aliados, como a senadora Tereza Cristina (PP), pois ela nunca havia encabeçado uma chapa.
Ambas as candidatas disputam públicos parecidos. São evangélicas, fazem forte apelo à presença da mulher na política e buscam o voto conservador dos sul-mato-grossenses, cada uma à sua maneira.
Enquanto Rose tenta dialogar com todos os lados e não declara apoio a Lula nem a Bolsonaro, Adriane tenta se colocar como a única candidata conservadora de Campo Grande para herdar o voto bolsonarista da região, com forte influência do agronegócio.